A solicitação do meio e a construção das estruturas operatorias em crianças com dificuldades de qprendizagem

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

A presente pesquisa foi desenvolvida no PRODECAD (Programa de Integração e Desenvolvimento da Criança e do Adolescente - Pró Reitoria de Extensão da UNICAMP). Nossos sujeitos, oito crianças de 11 a 13 anos, que freqüentavam classes de 28 a 48 séries na escola regular, no outro período, apresentavam dificuldades para aprender. Embora estas crianças tivessem organizado adequadamente o real, não estruturaram suas representações em relação ao espaço, ao tempo e a causalidade. Representavam apenas a situação atual através de imagens. Com dificuldade para evocar o passado, grande parte de seu discurso ficava restrito ao presente. Embora alcançassem sucesso em alguns de seus objetivos, não tomavam consciência de suas ações e, principalmente, nem sempre conseguiam reproduzir verbalmente a ordem em que haviam sido executadas. Tendo sido aplicadas as provas operatórias piagetianas, constatou­se um atraso na construção de suas estruturas cognitivas, uma vez que apresentaram, por ocasião da aplicação do pré-teste, procedimentos próprios dos níveis pré-operatórios ou início da transição para o período operatório concreto. Para propiciar o desenvolvimento cognitivo e a estruturação do real, adaptamos o Processo de Solicitação do Meio às possibilidades, necessidades e interesses das crianças. Com base em princípios decorrentes do método clínico piagetiano, pretendíamos ampliar suas possibilidades para aprender e resolver problemas, favorecendo o desenvolvimento da autoconfiança e da auto-estima e, também, o aparecimento de relações por reciprocidade e respeito mútuo nas interações entre os companheiros durante o processo. Procurou-se criar situações desafiadoras da ação e do pensamento das crianças, selecionando atividades e jogos que provocassem a necessidade de agir sobre os objetos, pensar antes de agir, refletir sobre as próprias ações e interagir com outras crianças. Sempre que possível, as atividades foram apresentadas sob a forma de jogos e o registro dos resultados foi incentivado a partir da necessidade das próprias crianças. Propiciava-se, desta forma, a construção de conhecimentos físicos e lógico matemáticos, a construção da representação, a estruturação das noções de tempo, espaço e causalidade. F oram criadas situações em que as crianças deviam evocar ações passadas, para trazê-Ias ao presente onde poderiam estruturá-Ias em uma rede de relações. O objetivo era possibilitar a tomada de consciência daquilo que havia sido realizado, condição para operar, construir um conceito e expressar­se verbalmente. Desta forma, a criança superaria a comunicação atual e concreta, chegaria a outra forma de comunicação, que implica a distinção entre significante e significado, passando do mundo real ao possível. Foram, ainda, incentivadas discussões sobre seus sentimentos nas situações em que haviam sido desrespeitadas e sobre a forma como gostariam de ser tratadas pelos companheiros. Depois tiveram a oportunidade de discutir e eleger regras para o convívio social. Nas primeiras sessões foi necessário lembrá-Ias freqüentemente das regras; mais tarde, passaram a zelar pelo seu cumprimento. Foi possível acompanhar, ao longo do processo, o desenvolvimento cognitivo e social das crianças e as transformações na relação estabelecida com a instituição, com as professoras e os colegas no PRODECAD. Conforme relato das professoras, estas crianças começaram a estabelecer relações menos agressivas com as outras e a ser respeitadas por elas, integrando-se um pouco melhor ao grupo-classe. No final do ano letivo todos os nossos sujeitos foram promovidos na escola regular

ASSUNTO(S)

psicologia genetica desenvolvimento cognitivo construtivismo (educação) jogos educativos psicopedagogia

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