Analise do tratamento das hepatites virais B e C nos usuários atendidos pelo Sistema Único de Saúde no estado do Amapá / Analysis of treatment to the viral hepatitis B and C for users attended by the Unified Health System (SUS) in the state of Amapa.
AUTOR(ES)
Kaori Kubota
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
As hepatites são as causas mais comuns de cirrose hepática e carcinoma hepatocelular (HCC) no mundo, sendo as infecções por Vírus da Hepatite B (HBV) e Vírus da Hepatite C (HCV) consideradas aquelas de maior importância como problemas de saúde pública, devido ao grande número de indivíduos atingidos (cerca de 350 milhões com hepatite B crônica e 170 milhões com HCV). No Brasil, avaliações realizadas nas últimas décadas sugerem que a endemicidade da hepatite B na região amazônica não tem decaído, com o agravante da precariedade do acesso aos cuidados de saúde nessa região. Assim, este estudo tem por objetivo avaliar o tratamento dispensado aos pacientes com hepatites virais B e C no Amapá, que faz parte da Amazônia Legal, para que seja possível conhecer a situação da saúde publica dessa localidade. A coleta de dados foi realizada em um centro de referência que centraliza o atendimento aos pacientes portadores de hepatite B e C, por meio de instrumento de coleta de dados previamente validado e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo (CEPFCFRP/USP), entre 1º de julho de 2007 e 30 de junho de 2009, e o programa estatístico EPI INFO, versão 3.5.1, foi utilizado para o lançamento e análise dos dados coletados. Foram incluídos 123 pacientes suspeitos ou portadores de hepatites virais B e/ou C, com idade média de 48,3 anos e 85,4% dos indivíduos entre 30 e 69 anos de idade, sendo 55,3% do sexo masculino, 61,0% casados, 82,1% residentes em Macapá, e 39,0% encaminhados por detecção de suspeita através de exames de rotina/pré-operatório ou pelo HEMOAP. Somando-se monoinfecções e coinfecções, 66,4% e 33,6% eram de pacientes infectados por HCV e HBV, respectivamente, sendo que os crônicos eram 61,0%. O acompanhamento clínico/ambulatorial desses pacientes foi inferior a 6 meses em 52% dos casos, e 40,0% apresentavam algum grau de severidade da doença, mas em 28,6% e 65,1% desses pacientes houve ausência de exames de ultrassonografia abdominal e determinação de níveis de aminotransferases, respectivamente. O genótipo para HCV só foi determinado em 30,6% dos casos de HCV e houve falha de notificação no SINAN em 25,2% dos pacientes do estudo. Três (7,0%) portadores de HBV e 16 (18,8%) de HCV receberam tratamento farmacológico específico, entretanto, outros seis pacientes com HBV e 19 com HCV apresentavam um critério de inclusão no tratamento, mas não foram tratados por ausência de exames de monitoramento. Na avaliação dos protocolos clínicos brasileiros para tratamento de HBV e HCV em relação aos internacionais, os primeiros se mostraram adequados e atualizados, entretanto, as falhas em seu seguimento pelas unidades de saúde que integram a rede assistencial para pacientes com HBV e HCV resultaram em deficiências nos serviços oferecidos, possivelmente decorrentes de treinamentos e capacitações insuficientes, ausência serviços de maior complexidade, e também devido isolamento natural da região. Diante dessas evidências, verifica-se a necessidade de ações governamentais no combate às hepatites virais mais abrangentes e que alcancem essa região.
ASSUNTO(S)
amazon area chronic infection hepatite b hepatite c hepatitis b hepatitis c infecção crônica public health região amazônica saúde pública tratamento treatment
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