As mulheres muçulmanas precisam realmente de salvação?: reflexões antropológicas sobre o relativismo cultural e seus outros
AUTOR(ES)
Abu-Lughod, Lila
FONTE
Revista Estudos Feministas
DATA DE PUBLICAÇÃO
2012-08
RESUMO
Este artigo explora a ética da atual "Guerra ao Terrorismo", perguntando se a antropologia, disciplina dedicada a entender a diferença cultural e a lidar com ela, pode nos fornecer apoio crítico para as justificações feitas sobre a intervenção no Afeganistão em termos de liberar ou salvar mulheres afegãs. Eu observo primeiramente os perigos da cultura de reificação, aparente nas tendências de afixar ícones culturais claros como as mulheres muçulmanas sobre confusas dinâmicas históricas e políticas. Posteriormente, chamando atenção para as ressonâncias entre discursos contemporâneos sobre igualdade, liberdade e direitos com antigos discursos coloniais e retórica missionária sobre mulheres muçulmanas, eu argumento que, em vez disso, nós precisamos desenvolver uma séria avaliação das diferenças entre as mulheres no mundo - como produtos de histórias diferentes, expressões de diferentes circunstâncias e manifestações de desejos distintamente estruturados. Além disso, eu argumento que, em vez de buscar "salvar" outros (com a superioridade que isso implica e as violências que acarretaria), talvez fosse melhor pensarmos em termos de (1) trabalhar com elas nas situações que reconhecemos como sempre sujeitas a transformações históricas e (2) considerar nossas próprias e maiores responsabilidades para indicar as formas de injustiça global que são poderosas formadoras dos mundos nas quais elas se encontram. Eu desenvolvo muito desses argumentos a respeito dos limites do "relativismo cultural" através de uma consideração da burca e dos vários significados dos véus no mundo muçulmano.
ASSUNTO(S)
relativismo cultural mulheres muçulmanas guerra no afeganistão liberdade injustiça global colonialismo
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