Autopercepção da saude, co-morbidades e uso de medicamentos em idosos chagasicos, acompanhados no grupo de estudos em doença de chagas, GEDOCH, UNICAMP / Health self-perception, co-morbidities and use of medications in chagasic elderly, followed in study group in Chagas disease, GEDOCH, UNICAMP

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Introdução/Justificativa: O processo de envelhecimento constitui um fenômeno complexo e progressivo que afeta o homem e a sociedade de modo singular. Observam-se um decréscimo na capacidade de adaptação e um aumento na vulnerabilidade do indivíduo, associados às perdas evolutivas e à probabilidade de adoecer. Por outro lado, o crescimento da população idosa brasileira pode representar um grave problema se os anos de vida adicionais não forem vividos em condições de saúde adequadas. Uma forma de conduzir esta avaliação é o levantamento de informações sobre a percepção dos idosos em relação ao seu estado de saúde. Neste estudo, destaca-se a associação da doença de Chagas, de caráter infeccioso e crônico, ao processo de envelhecimento dos indivíduos portadores dessa enfermidade, abordando o tema da autopercepção de saúde de idosos chagásicos, atendidos em Ambulatório de Referência, no HC/UNICAMP. A autopercepção da própria saúde é um indicador robusto da qualidade de vida percebida porque prediz de forma consistente a mortalidade e a subseqüente sobrevida dessa população. Objetivos: Investigar as relações entre saúde percebida, gênero, idade, escolaridade, renda econômica, co-morbidades, forma clínica da doença de Chagas e uso de medicamentos. Analisar a relação conjunta entre as principais variáveis formando perfis ou agrupamentos dos indivíduos. Metodologia: Foi aplicado um questionário, face a face, para a caracterização sociodemográfica, após consentimento do paciente. Os dados sobre morbidade e uso de medicamentos foram coletados dos prontuários médicos. Em seguida, aplicou-se o General Health Questionnaire, versão de 12 itens (GHQ-12), adaptado e validado por Pasquali et al. (1994). Foram feitas análises estatísticas (programa EPINFO, versão 6.04d) para verificar a associação ou não entre as variáveis através dos testes: qui-quadrado, teste exato de Fischer, teste “t” de Student ou teste de Mann-Whitney. Para analisar a formação de perfis utilizou-se a Análise de Conglomerados (Cluster Analysis), método da partição, com o programa The Statistical Analysis System, versão 8.02. O nível de significância adotado para todos os testes estatísticos foi de 5% (p<0,05). Resultados: 55,6% de mulheres, mediana de 67 anos e média de 67,744 ± 6,521, casados (51,1%), aposentados (73,3%), até quatro anos de escolaridade (64,4%) e renda mensal inferior a dois salários mínimos (67,8%). A forma clínica predominante da doença de Chagas foi a cardíaca (46,7%), seguida da mista (30%), digestiva (13,3%) e indeterminada (10,0%). Houve maior proporção de cardiopatia leve (84,1%), sendo freqüente a associação entre cardiopatia e megaesôfago. O número de co-morbidades obteve uma média de 2,856 ± 1,845 e mediana de 2,500, sendo que 33,3% apresentaram quatro ou mais doenças associadas, destacando-se: hipertensão arterial (56,7%), osteoporose (23,3%), osteoartrite (21,2%), dislipidemia (20%), cardiopatia isquêmica, diabetes mellitus e síndrome dispéptica em igual proporção (10%). As classes terapêuticas mais utilizadas foram: inibidores da enzima conversora de angiotensina (46,7%), diuréticos (45,6%), antiagregante plaquetário (35,6%), inibidores da bomba protônica (22,2%) e antiarrítmicos (20%). O maior consumo diário foi de quatro medicamentos (24,4%), com mediana de 3,5. A polifarmacoterapia foi observada em 25,6% dos entrevistados. Obteve-se correlação positiva entre as variáveis: gênero e co-morbidades, faixa etária e co-morbidades (cardiopatia isquêmica; insuficiência cardíaca), medicamentos e gênero, medicamentos e faixa etária, GHQ e gênero. Na análise de conglomerados formaram-se grupos com dois e três perfis, sendo constituídos por diferenças entre os gêneros (formação de dois clusters), forma clínica da doença de Chagas (três clusters) e autopercepção da saúde (dois e três clusters). De um modo geral, as mulheres eram mais idosas, com mais co-morbidades e uso de medicamentos e pior saúde referida. A forma clínica digestiva ou mista entrou no cluster de mulheres, estando associada com pior autopercepção da saúde. Conclusões: observa-se um padrão feminino no envelhecimento de idosos chagásicos, mulheres essas com mais co-morbidades, mais idosas, menos escolarizadas, em situação de polifarmácia, pontuando mais alto no GHQ, com risco potencial para adoecer e pior saúde percebida em relação aos homens. As formas digestiva e mista da doença de Chagas foram as que mais apresentaram associação com a auto-avaliação negativa da saúde.

ASSUNTO(S)

elderly idosos envelhecimento chagas disease doença de chagas autopercepção self-perception aging

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