Avaliação da sobrevida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado tratados em um único centro
AUTOR(ES)
Santos, Fred Muller dos; Viani, Gustavo Arruda; Pavoni, Juliana Fernandes
FONTE
Braz. j. otorhinolaryngol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2021-02
RESUMO
Resumo Introdução: Mesmo com a melhora dos desfechos de tratamento com abordagens multimodais, a dúvida sobre qual seria o melhor tratamento inicial para o câncer de cabeça e pescoço localmente avançado ainda permanece sem resposta. Objetivo: Mostrar a sobrevida global de uma grande coorte de pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado tratados em uma única instituição. Material e método: Projetamos uma coorte de pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado tratados em nossa instituição nos últimos 15 anos. Para reunir uma grande amostra de pacientes com tempo de seguimento adequado, foi realizada uma verificação cruzada entre nosso banco de dados e o banco de dados da fundação oncocentro de São Paulo. Foram incluídos os pacientes com câncer de cabeça e pescoço, estadiamento clínico ou histopatológico III ou IV, tratados com cirurgia seguida de radioterapia ou quimiorradioterapia ou radioterapia isolada ou quimiorradioterapia isolada. Resultados: Foram incluídos 796 pacientes com câncer de cabeça e pescoço localmente avançado, sendo 88% do sexo masculino, 44% com idade > 60 anos e 76% no estágio IV. O tumor estava localizado na cavidade oral (34%), orofaringe (27%), hipofaringe (17%) e laringe (17%). Os grupos de tratamento foram quimiorradioterapia (39,7%), cirurgia seguida de radioterapia ou quimiorradioterapia (26,3%), cirurgia seguida de radioterapia (18,5%) e radioterapia isolada (15,5%). Comparando as variáveis clínicas entre os grupos de tratamento, foram observadas diferenças significativas de idade e estágio clínico. Com uma mediana de tempo de seguimento de 7,5 anos (1-16 anos) para toda a coorte, a sobrevida global em 5 e 10 anos foi de 34,8% e 28%. A sobrevida global em 5 e 10 anos foi de 16,7% e 12,2% para radioterapia isolada, 38,8% e 26,3% para cirurgia seguida de radioterapia, 28% e 16,6% para quimiorradioterapia e 37,3% e 23,2% para cirurgia seguida de radioterapia ou quimiorradioterapia. O estágio IV (p = 0,03) e a radioterapia isolada (p = 0,05) apresentaram pior sobrevida na análise multivariada. Grupos cirúrgicos versus quimiorradioterapia não apresentaram diferença significante para a sobrevida global. Conclusão: O presente estudo é a maior coorte de câncer de cabeça e pescoço localmente avançado de pacientes brasileiros para avaliação dos desfechos do tratamento. Embora houvesse diferenças clínicas significativas entre os grupos cirúrgico e radioterápico, a cirurgia ou a quimiorradioterapia, como tratamento inicial, não apresentaram diferenças significantes em relação à sobrevida.
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