Avaliação Estrutural e Funcional do Átrio Esquerdo na Cardiomiopatia Chagásica comparada à Cardiomiopatia Dilatada Idiopática. Um estudo com Ecocardiografia Tridimensional Em Tempo Real / Structural and functional evaluation of the left atrium in the chagasic cardiomiopathy compared to idiophatic dilated cardiomiopathy. A study with real time three-dimensional echocardiography

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/05/2011

RESUMO

Introdução: Embora existam evidências anatomopatológicas de comprometimento atrial na cardiomiopatia chagásica (CMPC), o impacto sobre a função do átrio esquerdo (AE) ainda não é conhecido. O objetivo deste estudo foi avaliar os volumes e a função do AE em pacientes com CMPC pela ecocardiografia tridimensional em tempo real (E3DTR) e compará-los com pacientes com cardiomiopatia dilatada idiopática (CMPD), correlacionando os achados com variáveis clínicas e ecocardiográficas. Métodos: Trinta pacientes com CMPC, 30 com CMPD e 20 indivíduos normais que formaram o grupo controle (GC), foram estudados. Com a E3DTR, medimos os volumes máximo (VolmaxAE), mínimo (VolminAE) e pré onda P do ECG (VolpreAAE) do AE e calculamos a fração de esvaziamento total (FETAE) e ativa (FEAAE) do AE. Outras variáveis ecocardiográficas, bem como variáveis clínicas também foram analisadas nos grupos. Os resultados foram comparados por testes estatísticos (ANOVA) ao nível de significância de p<0,05. Correlação de Pearson foi utilizada entre variáveis contínuas ecocardiográficas e clínicas. Por meio de análise multivariada por regressão linear, identificamos as variáveis independentemente relacionadas ao aumento do VolmaxAE e à piora da função atrial ativa no grupo CMPC. Resultados: A fração de ejeção do ventrículo esquerdo e a insuficiência mitral foram semelhantes nos grupos CMPC e CMPD. O VolmaxAE/m2 foi maior na CMPC do que na CMPD (76,9 21,9 ml vs. 59,1 26,0 ml; p<0,01), ambos significativamente maiores do que no GC (p<0,01). A FETAE foi menor nos pacientes com CMPC do que nos pacientes com CMPD (30,5 10,5% vs. 39,9 11,8%; p<0,01), e ambas foram menores do que no GC (p=0,01). A FEAAE também foi menor no grupo CMPC do que no grupo CMPD (21,9 9,5% vs. 28,2 11,1%; p<0,01), ambas menores do que no GC (p=0,01). A relação E/e foi maior no grupo CMPC do que no grupo CMPD (21 10 vs. 156; p<0,01), e ambos os grupos apresentaram relações maiores do que o GC (p<0,01). No modelo de regressão múltipla, a relação E/e e a insuficiência mitral foram as variáveis independentemente associadas ao aumento do VolmaxAE, enquanto que a relação E/e foi a única variável independentemente associada à piora da FEAAE. Conclusão: O VolmaxAE é maior na CMPC do que na CMPD, assim como a função ativa do AE é mais comprometida na CMPC do que na CMPD. Estes achados indicam um comprometimento miocárdico maior e mais extenso na cardiomiopatia chagásica, provavelmente relacionado ao aumento da pressão diastólica do ventrículo esquerdo e à miopatia atrial.

ASSUNTO(S)

Átrio esquerdo cardiomiopatia chagásica ecocardiografia tridimensional cardiologia

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