Biologia da polinização em campos de altitude no Parque Nacional da Serra da Bocaina, SP

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Este estudo apresenta informações sobre a biologia da polinização em uma área de campos de altitude no estado de São Paulo. Campos de altitude são formações frias e úmidas com vegetação aberta, as quais ocorrem nas partes mais altas das serras costeiras do sudeste e sul do Brasil. Atributos florais e a fenologia de floração foram registrados em 124 espécies pertencentes a 37 famílias e os agentes de polinização foram determinados em 107 destas espécies. Flores pequenas que secretam néctar predominaram na comunidade. Abelhas e vespas, seguidas por sirfideos, foram os principais agentes polinizadores da comunidade, sendo que a maioria das espécies foi polinizada por mais de um grupo funcional. As tendências gerais das interações planta-polinizador nos campos estudados se assemelham àquelas em ecossistemas com afinidades biogeográficas, tais como o "morichal" venezuelano, campos cerrados e campos rupestres. Entretanto, o grau de generalização dos sistemas de polinização tende a ser mais elevado nos campos de altitude em comparação com estes outros ecossistemas, o que reflete a predominância de espécies da família Asteraceae na área estudada. A polinização por diversos agentes (sistemas de polinização generalista) pode ser vantajosa para plantas de campos de altitude, devido às condições climáticas severas que se refletem nas baixas taxas de visitação de polinizadores às flores. Este estudo é complementado por estudos de caso com três espécies típicas dos campos de altitude. A biologia floral e a polinização por abelhas do gênero Anthrenoides (Andrenidae) em Viola cerasifolia (Violaceae) foi estudada. A produção de néctar foi escassa e polem constituiu o principal recurso floral desta espécie, diferindo assim das flores de néctar que predominam entre espécies boreais do gênero. O segundo caso trata do padrão de florescimento diário e da polinização por moscas Syrphidae em Sisyrinchium vaginatum (Iridaceae). As flores duraram de _ a quatro dias, porém fechavam ao [mal de cada dia e voltavam a abrir no dia seguinte. As flores não secretam óleo como em outras espécies do gênero. Sirfideos e, em menor grau, abelhas pequenas em busca de polem polinizaram esta espécie. Por último, a produção de néctar das flores polinizadas por beija-flores de Esterhazya macrodonta (Scrophulariaceae) foi estudada. O néctar é produzido continuamente nos três primeiros dias da flor que dura cinco-seis dias. A remoção de néctar afeta a sua secreção e isto parece estar ligado à baixa taxa de visitação às flores pelos beija-flores. Palavras-chave: abelhas, beija-flores, biologia floral, biologia da polinização, campos de altitude, Esterhayia, fenologia, Mata Atlântica, moscas, Sisyrinchium, vespas, Viola

ASSUNTO(S)

polinização comunidade

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