Caracterização endócrina durante o ciclo reprodutivo da tabarana Salminus hilarii (Characiformes: Characidae), em três ambientes distintos: natural, impactado e cativeiro / Endrocrine characterization during the reproductive cycle of tabarana Salminus hilarii (Characiformes: Characidae), in theree distinct environments: natural, dam and captivity

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A tabarana Salminus hilarii (Characiformes) é uma espécie reofílica de grande importância ecológica na Bacia do Alto Tietê (São Paulo/SP, Brasil). Atualmente esta espécie sofre com a poluição (industrial e doméstica) e a construção de barragens na região, o que pode prejudicar o comportamento migratório reprodutivo das espécies reofílicas, bloqueando a reprodução. O presente estudo tem como objetivo analisar os mecanismos fisiológicos envolvidos no controle endógeno da reprodução Salminus hilarii, analisando-se o eixo hipófise-gônadas. Adicionalmente, buscou-se avaliar se o bloqueio da migração reprodutiva (parcial ou total) altera o funcionamento deste eixo. Os animais foram coletados no ambiente natural (Bacia do Alto Tietê), na saída da Barragem da Barragem de Ponte Nova e na Piscicultura de Ponte Nova (Salesópolis/SP) durante o período de abril de 2004 e agosto de 2006. As análises macro e microscópicas das gônadas e os valores de IGS mostraram que o período reprodutivo da tabarana ocorreu entre os meses de outubro a fevereiro. As análises macroscópicas e microscópicas dos ovários e dos testículos permitiram classificar o desenvolvimento ovariano em 4 estádios: repouso, maturação inicial, maturação avançada (cativeiro), maduro (ambiente natural) e regressão/esgotado e o desenvolvimento testicular em 3 estádio: repouso, maduro e regressão. O desenvolvimento oocitário da tabarana é do tipo sincrônico em grupo e a desova é total; os testículos são do tipo tubular anastomosado e espermatogonial irrestrito. Foram identificados 5 tipos celulares no interior dos ovários: oogônias, oócito perinucleolar, oócito cortical-alveolar, oócito vitelogênico e oócito maduro, além de estruturas derivadas desse desenvolvimento, os folículos pós-ovulatórios e os oócitos atrésicos. Identificou-se também 6 tipos celulares no interior dos testículos: espermatogônias, espermatócitos, espermátides, espermatozóides, células de Sertoli e células de Leydig. A hipófise de S. hilarii é composta de dois tecidos: a adeno-hipófise (tecido glandular endócrino) e a neuro-hipófise (origem nervosa). Adicionalmente, foi verificado que a adeno-hipófise é subdividida em: “rostral pars distalis” (RPD), “proximal pars distalis” (PPD) e “pars intermedia” (PI). Seis tipos celulares foram identificados na adeno-hipófise: as células produtoras de prolactina (PRL) e as células produtoras de hormônio adrenocorticotrópico (ACTH) foram identificadas na região da RPD; as células produtoras de hormônio de crescimento (GH) e as células produtoras de gonadotropinas (GtHs) estão situadas na região da PPD; as células produtoras de melanotropina (MSH) e as células produtoras de somatolactina (SL) estão presentes na PI. As células PRL não apresentam variações ao longo do ciclo reprodutivo da tabarana, no entanto, as células produtoras de GH diminuem a porcentagem de imunomarcação com o avanço do ciclo reprodutivo. Já as células produtoras de SL aumentam a porcentagem de imunomarcação com o desenvolvimento das gônadas. Adicionalmente, foi verificada a presença de duas gonadotropinas na região da adeno-hipófise, o hormônio folículo estimulante (FSH) e o hormônio luteinizante (LH). Em relação ao perfil plasmático dos esteróides gonadais, foi verificado que o estradiol aumenta com o avanço do ciclo reprodutivo, diminuindo do estádio maduro para o estádio regressão/esgotado (ambiente natural). No cativeiro ocorreu um aumento da concentração de estradiol do estádio repouso até o estádio maturação média, diminuindo logo em seguida nos estádios maturação avançada e regressão/esgotado. A concentração de testosterona eleva-se com o avanço da maturação gonadal, atingindo os valores máximos no estádio maduro (ambiente natural) e maturação avançada (cativeiro). Paralelamente, o estradiol apresentou-se alto somente na maturação média (cativeiro) e maduro (ambiente natural), evidenciando uma relação entre esses dois hormônios. Valores mais elevados de 17α-hidroxiprogesterona no cativeiro sugerem uma deficiência na conversão deste esteróide para17α, 20β-dihidroxy-4-pregnen-3-one, considerado como o hormônio indutor da maturação final e ovulação na maioria dos teleósteos. Os resultados encontrados evidenciam que o bloqueio da migração altera a fisiologia do eixo hipófise-gônadas em Salminus hilarii.

ASSUNTO(S)

adeno-hipófise steroid adenohypophysis reproductive cycle ciclo reprodutivo endocrine control esteróides salminus hilarii salminus hilarii reproductive migration migração reprodutiva controle endócrino

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