Como sÃo (re)construÃdas e utilizadas as prÃticas de alfabetizaÃÃo? : na busca de uma interface explicativa entre as origens das prÃticas de alfabetizaÃÃo e o processo de fabricaÃÃo do cotidiano escolar

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Quando pesquisamos as prÃticas de professores alfabetizadores, notamos uma heterogeneidade profunda na maneira de alfabetizar. Um fato que ocorre mesmo em professores que compartilharam a mesma formaÃÃo e grupo social. Essas prÃticas obedecem a uma lÃgica prÃpria que, por vezes, torna-se difÃcil de compreender e analisar. Essa multiplicidade de prÃticas torna difÃcil o papel daqueles que planejam estrategicamente o ensino nas sÃries iniciais. Nesse contexto, existem professores que se afastam, em suas prÃticas, das estratÃgias pensadas pela academia, outros que se aproximam e aqueles que modificam essas estratÃgias. Esta pesquisa teve como propÃsito descobrir como 4 (quatro) professoras alfabetizadoras, da rede municipal de Olinda-PE, (re)constroem e utilizam suas estratÃgias e tÃticas de alfabetizaÃÃo. Buscamos neste trabalho, uma interface explicativa entre a natureza das prÃticas de alfabetizaÃÃo e a fabricaÃÃo do cotidiano escolar. Analisando: o que as professoras dizem sobre suas prÃticas? Como fabricam suas prÃticas em sala de aula? Como elas utilizam as estratÃgias e tÃticas de alfabetizaÃÃo? Utilizamos a metodologia de pesquisa qualitativa etnogrÃfica. Fizemos observaÃÃes em sala de aula, grupo focal, filmagem e gravaÃÃes. Descobrimos que as professoras possuem maneiras especÃficas de fabricar as prÃticas de alfabetizaÃÃo. Nessa fabricaÃÃo, encontramos elementos que se aproximam de suas experiÃncias, quando elas foram alfabetizadas, o que chamamos de tÃticas de alfabetizaÃÃo. Conflitando, por vezes, com as estratÃgias fornecidas na formaÃÃo acadÃmicas das mestras. Essas tÃticas operam no vazio deixado pelas estratÃgias, ou seja, as tÃticas se tornam um recurso cada vez mais presente na medida em que forem mais ausentes as estratÃgias. Essas estratÃgias tornam-se ausentes no sentido de nÃo compreenderem as experiÃncias vividas pelas professoras ou, ainda, de nÃo compreenderem a dimensÃo pragmÃtica das mestras. Percebemos que as professoras nÃo ficam passivas diante das estratÃgias fornecidas e tÃticas vivenciadas. Elas as alteram em uma adaptaÃÃo ao contexto, numa mescla de mÃtodos e prÃticas em que o ânovoâ e o âvelhoâ se misturam em um conflito de intenÃÃes. Diante disso, as professoras podem ter resultados tanto negativos como positivos na alfabetizaÃÃo de seus alunos. Isso acontece devido aos limites impostos pelas contradiÃÃes entre os mÃtodos e concepÃÃes de ensino. PorÃm, as escolhas nÃo acontecem de forma programada e visÃvel. As tÃticas, por exemplo, nÃo tÃm a visibilidade das estratÃgias, sÃo ocultas e emergem na estrutura do âprÃprioâ, nesse caso, a escola, estando dentro da estrutura, utiliza as informaÃÃes fornecidas com finalidades diferentes das quem as criou. Assim, as estratÃgias pavimentam a estrada como ponto de partida e de chegada bem definidos. Jà as tÃticas criam desvios e caminhos variados que nÃo se sabe aonde vÃo chegar. Constatamos que a recusa em trabalhar com as estratÃgias de alfabetizaÃÃo pensadas pela academia, que orienta para nÃo trabalhar com o tradicional, nÃo brota apenas de professoras que se formaram hà dÃcadas, mas tambÃm de professoras com formaÃÃo recente (as quais utilizam formas tradicionais de alfabetizaÃÃo fato observado em todas as mestras pesquisadas. Vimos tambÃm que professoras, mesmo em contato com novos conceitos relativos à alfabetizaÃÃo (psicogÃnese da lÃngua escrita, letramento) nÃo deixam de utilizar os padrÃes silÃbicos. O que acontece à uma readaptaÃÃo dentro desses conceitos, com uma roupagem prÃpria de cada professora. Descobrimos, por fim, que a memÃria das professoras exerce um papel fundamental nesse processo, pois estabelece um elo (interface) entre as origens de suas prÃticas de alfabetizaÃÃo e as negociaÃÃes dos conflitos da fabricaÃÃo do seu cotidiano. Notamos, assim, que as professoras fabricam suas prÃticas- negando, aceitando e modificando as concepÃÃes, mÃtodos e prÃticas de alfabetizaÃÃo- em uma teia multifacetada de elementos tradicionais e novos, frutos de suas experiÃncias, quando foram alfabetizadas e de sua formaÃÃo como professoras. Nesse compreender como as professoras fabricam e utilizam suas prÃticas de alfabetizaÃÃo, identificamos a reflexÃo e a constataÃÃo, por parte das mestras, sobre a importÃncia de sistematizar e refletir os mÃltiplos caminhos da alfabetizaÃÃo

ASSUNTO(S)

memÃria alfabetizaÃÃo memory fabricaÃÃo cotidiano strategies literacy daily life manufacturing educacao estratÃgias

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