Competição entre complexação e adsorção de cobre em esgoto sanitario

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

A especiação de metais em sistemas aquáticos tem recebido grande atenção desde a década de 70. Metais no nível de traços podem estar asssociados em diferentes formas com a matéria orgânica e inorgânica presente no esgoto sanitário, afetando sua toxicidade e transporte. A magnitude desta interação é função de alguns parâmetros tais como pH, natureza e concentração dos ligantes, dentre outros. Este trabalho foi voltado para o estudo da adsorção e complexação do cobre em esgoto sanitário, procurando avaliar a competição entre os dois processos. Previamente determinaram-se as constantes de dissociação para as amostras de esgoto filtrado (membrana 0,45 mm) e não filtrado, mediante titulação potenciométrica com NaOH 0,0987 mol L e força iônica ajustada a 0,1 mol L, compreendendo a região de pH entre 3 e 11. Os dados foram tratados utilizando-se o método de Gran modificado. Para verificar o efeito do pH, concentração dos ligantes e do material particulado na especiação do cobre, utilizou-se a titulação potenciométrica com um eletrodo seletivo para cobre (Cu). Amostras não filtradas, filtradas (membrana 0,45 mm) e diluídas foram tituladas em pH 7,8; 6,8 e 5,8 com força iônica ajustada a 0,1 mol L, tamponadas com PIPES (7,5 mmol L) e tituladas com CuSO4 (9,73 mmol L) na região de 10 a 10 mol L de cobre total adicionado. Os dados foram tratados utilizando-se o método de Scatchard. Foram encontrados 3 grupos tituláveis com valores de pKa de 4,46; 6,41 e 9,32. A mudança no valor do pH nas titulações de esgoto com cobre apresentou grande diferença na concentração de metal livre indicando uma competição entre os íons cobre e hidrogênio pelos ligantes orgânicos e inorgânicos presentes no esgoto sanitário. O material particulado, bem como o carbonato, não apresentaram uma contribuição significativa na especiação do metal na matriz analisada, ao contrário da materia orgânica em solução, que mostrou ser a controladora da especiação do metal no sistema estudado. As constantes de formação condicionais (K ) se mostraram fortemente dependentes do pH apresentando valores em torno de log K1 = 8,00 e log K2 = 6,30 a pH 5,8. Já a pH 7,8, estas constantes aumentaram para log K1 = 10,60 e log K2 = 8,70 no esgoto sanitário filtrado. O material particulado causou um desvio nos valores de K , devido a contribuição do processo de adsorção, sendo este efeito minimizado com a diluição. A concentração dos ligantes, variando entre 5 x 10 a 10 mol L, conferem ao sistema uma elevada capacidade de complexação para o cobre no esgoto sanitário.

ASSUNTO(S)

esgotos sanitarios cobre metais de transição

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