Comunicação e antropologia por meio da imagem técnica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Este trabalho teve o objetivo de avaliar como as relações comunicativas geradas pelo signo fotográfico podem ser associadas à produção de conhecimento em Antropologia. De um modo geral, as Ciências Sociais baseiam-se no argumento de autoreferencialidade da fotografia para fazer dela um recurso de produção de dados e inferências de hipóteses. Contudo, sabemos que as possibilidades comunicatvas da imagem extrapolam esse caráter de objetividade. Sendo assim, buscamos compreender o grau e a natureza da informação produzida a partir de diferentes arranjos sígnicos fotográficos. O corpus de análise foi delimitado na obra do fotógrafo e etnógrafo Pierre Verger. Sua escolha deve-se à congregação de traços existentes nas fotografias que, ora remetem ao etnógrafo em busca do discurso científico, ora ao fotógrafo construindo mensagens com objetivos comunicativos mais amplos. Recorre-se à discriminação semiótica da composição da imagem a fim de observar seu modo de atuação como elemento, ao mesmo tempo, metodológico e epistemológico. Foi possível observar como as diferentes estratégias de construção do signo fotográfico determinam sua comunicabilidade e complexidade informacional, e assim relacioná-las a alguns parâmetros que norteam a produção de conhecimento em Antropologia. Há casos em a imagem, construída a partir de uma visualidade mais convencional, estabelece uma relação de adequação ao discurso científico inaugural da Antropologia e Etnografia como ciências. É o caso de fotografias baseadas no argumento de indicialidade desse signo, que também apresentam a dominância da função referencial. Em outros casos, dada a natureza polifônica do signo visual, a imagem fotográfica mostra-se como um campo repleto de possibilidades comunicativas, integrando, em sua composição, elementos capazes de gerar mensagens mais refinadas sobre o objeto e, portanto, representam a possibilidade de produção de conhecimento intercultural e intersubjetivo, correlacionada a novos paradigmas da pesquisa antropológica. Para tanto, primeiramente percorremos os clássicos da Etnografia, destacando o Funcionalismo Britânico e a Escola Americana, para compreendermos suas orientações e possíveis influências sobre a produção de imagens na pesquisa antropológica . Em seguida, recorremos aos debates atuais da disciplina, que propõem novos paradigmas para o trabalho empírico em Antropologia e suas relações com a Comunicação, concentrando-nos nas obras de Néstor Garcia Canclini, Clifford Geertz e James Clifford. Para estes autores, a etnografia deve ser encarada como um recurso de apreensão de traços intersubjetivos e interculturais e, neste panorama, a visualidade mostra-se como uma linguagem repleta de possibilidades sígnicas. Para alcançarmos este ponto, utilizamos a teoria semiótica da cultura a partir das proposições de análise sistêmica de Iuri Lótman, percebendo as reordenações mútuas e trocas informacionais entres os sistemas abordados. As análises também farzem referência aos conceitos desenvolvidos por Charles Sanders Peirce, no tocante à interpretação das imagens como sígnos mediadores do conhecimento; e a identificação de funções de linguagem dominantes na mensagem, desenvolvida pelo lingüista Roman Jakobson

ASSUNTO(S)

verger, pierre -- 1902-1996 picture anthropology pierre verger fotografia em etnologia comunicação antropologia fotografia communication comunicacao antropologia visual pierre verger

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