CUIDADO AO FAMILIAR DE ADULTO EM SOFRIMENTO PSÍQUICO: desafio para a assistência de Enfermagem / ADULT FAMILY CARE OF SUFFERING IN PSYCHIC: challenge for nursing care
AUTOR(ES)
Kely Vanessa Leite Gomes da Silva
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
10/02/2010
RESUMO
A partir do século XIX a família delegou os cuidados dos sujeitos em sofrimento psíquico à instituição psiquiátrica, que muitas vezes culpava a mesma pela situação de adoecimento. Com o advento da Reforma Psiquiátrica constrói-se um paradigma de assistência na perspectiva da reabilitação psicossocial, onde a família é inserida no aparato de cuidados e serviços de base territorial. Percebendo como imprescindível a atenção à família com vistas à promoção da sua saúde mental, objetivou-se com este estudo responder a seguinte questão: como se dá o processo de cuidado de adulto em sofrimento psíquico sob a perspectiva da sociologia fenomenológica? A pesquisa é de natureza qualitativa, de abordagem fenomenológica de Alfred Schutz. O estudo deu-se a partir da identificação de familiares de usuários do CAPS do município de Juazeiro do Norte. Utilizou-se enquanto instrumento de coleta de dados o formulário e a entrevista semiestruturada, onde se coletou informações de identificação dos sujeitos e referentes aos objetivos da pesquisa. A análise de dados foi feita a partir da análise temática segundo Bardin. A partir das experiências vivenciadas pelos sujeitos na relação de cuidado, procurou-se compreender o tipo vivido do familiar de adultos em sofrimento psíquico, descrevendo a estrutura familiar, caracterizando os sujeitos e as situações vivenciadas como manifestação do seu típico familiar, fundamentando-os pela Fenomenologia Sociológica. Após a identificação dos sujeitos, realizaram-se visitas ao domicílio do usuário do CAPS. Foram entrevistados catorze familiares cuidadores, perfazendo em média duas visitas por familiar. Identificou-se como perfil dos familiares: idade entre 23 e 80 anos, prevalência de sexo feminino, escolaridade baixa, casados, católicos, e mãe enquanto grau de parentesco mais evidente. As falas compuseram as categorias temáticas: Desvelando o cuidar; Exercendo o cuidar e Necessidades de cuidado. Com a junção das categorias buscou-se obter o sentido da ação subjetiva. Os depoimentos revelaram que os familiares conceituam o sujeito sob seus cuidados como alguém especial, diferente, anormal; que a prática do cuidado revela-se como uma ação que exige paciência e responsabilidades dos cuidadores. Enquanto necessidades de cuidado, verificou-se que a prática do cuidar traz sentimentos de angústia, tristeza e medo devido às incertezas na relação de cuidado evidenciadas pela mudança de comportamento dos sujeitos sob seus cuidados; o familiar encontra-se sobrecarregado, vivenciando o acúmulo de tarefas decorrentes da crise. As falas revelaram carência de apoio por outros familiares e que existem deficiências financeiras e de informações sobre o estado de saúde e tratamento do seu parente. No mundo subjetivo o familiar utiliza sua situação biográfica, a qual foi consolidada através de suas experiências já sedimentadas, seja por meio de experiências próprias ou trazidas por seus predecessores. Destaca-se que o trabalho com familiares que cuidam de sujeito em sofrimento psíquico é tarefa indispensável ao enfermeiro na atuação em saúde mental. Para obter subsídios para o cuidado de enfermagem deve-se dar voz ativa aos sujeitos e desvendar as suas reais necessidades de cuidado e, assim, proporcionar um melhoramento das relações de cuidado diante da convivência com o sujeito em sofrimento psíquico.
ASSUNTO(S)
família saúde mental sofrimento psíquico cuidado de enfermagem enfermagem family caregiver mental health psychological distress nursing
ACESSO AO ARTIGO
http://www.uece.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=1033Documentos Relacionados
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