Diagnóstico de apreensões de aves, répteis e mamíferos no estado de São Paulo.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O tráfico de fauna no país caracteriza-se pela ausência de informações abrangentes e sistematizadas de caráter oficial ou científico, tornando difícil avaliar a real dimensão dessa atividade e seu impacto no Brasil, no Estado de São Paulo ou em qualquer outro Estado brasileiro. Diante desse quadro, o presente trabalho foi elaborado com a intenção de contribuir com as mudanças necessárias para alteração desse quadro de desinformação e falta de dados ainda corrente. No total, foram consultados 8.925 documentos referentes às apreensões de fauna realizadas pela Polícia Ambiental do Estado de São Paulo no período de 1999 a 2003. Os resultados obtidos contabilizaram um total de 45.444 animais apreendidos pertencentes a 341 espécies, sendo 41.884 (92,17%) aves, com 263 (77,13%) espécies, 2.156 (4,74%) répteis, com 27 (7,92%) espécies e 1.404 (3,09%) mamíferos, com 51 (14,96%) espécies. As aves apreendidas foram correlacionadas a 23 Ordens e 56 Famílias, com aproximadamente 24% das espécies consideradas ameaçadas de extinção, 13% não ocorrentes no Estado de São Paulo, 4% exóticas, 1% invasoras e 0,4% híbridas. As espécies responsáveis por mais de 50% do número de espécimes apreendidos para o grupo foram: codorna (Coturnix coturnix), canário-da-terra (Sicalis flaveola), coleirinha (Sporophila caerulescens) e pássaro-preto (Gnorimopsar chopi). Com relação às principais destinações dadas às 41.884 aves apreendidas, aproximadamente 38% foram categorizadas como Destinações Não Declaradas, 25% como Outros Destinos e 10% como Solturas. Os répteis apreendidos foram correlacionados a 4 Ordens e 14 Famílias, com aproximadamente 50% das espécies consideradas ameaçadas de extinção, 8% não ocorrentes no Estado de São Paulo e 7% invasoras. A espécie responsável por mais de 50% do número de espécimes apreendidos para o grupo foi: tigre-d água (Trachemys dorbignyi). Com relação às principais destinações dadas aos 2.156 répteis apreendidos, aproximadamente 72% foram categorizadas como Destinações Não Declaradas, 8% Solturas e 4% como CETAS. Os mamíferos apreendidos foram correlacionados a 9 Ordens e 22 Famílias, com aproximadamente 67% das espécies consideradas ameaçadas de extinção, 2% não ocorrentes no Estado de São Paulo, 6% exóticas, 4% invasoras e 2% visitantes. As espécies responsáveis por mais de 50% do número de espécimes apreendidos para o grupo foram: capivara (Hydrochaeris hydrochaeris), gambá (Didelphis albiventris) e tatu-galinha (Dasypus novencinctus). Com relação às principais destinações dadas aos 1.404 mamíferos apreendidos, aproximadamente 35% foram categorizadas como Descartes, 25% Solturas e 18% como Destinações Não Declaradas. A ausência de informações sobre espécies apreendidas e destinações dadas às mesmas no Estado de São Paulo torna-se evidente com o fato de não haverem dados, tanto provenientes de fontes científicas quanto de fontes oficiais, que possam ser diretamente confrontados com os resultados apresentados por este trabalho. Dessa forma, a construção de um banco de dados abrangente e sistemático sobre animais silvestres apreendidos e a elaboração de políticas públicas de meio ambiente realistas, efetivamente voltadas à conservação da biodiversidade paulista, constituem-se em ações de grande necessidade e que não podem mais ser adiadas.

ASSUNTO(S)

polícia ambiental do estado de são paulo tráfico de animais silvestres conservação biológica ecologia biologia da conservação

Documentos Relacionados