Direitos humanos e teatro do oprimido [manuscrito] : uma aproximação dialógica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A pesquisa procura o fio de Ariadne que liga direitos humanos e Teatro do Oprimido. Opta por situá-los no mundo da vida, recorrendo às tragédias do século de Péricles e às visões do direito de Flores, Bobbio, Ost e Dworkin, em busca do caráter político e social da experiência humana e do fenômeno jurídico. Os direitos humanos são apresentados no contexto histórico da modernidade em conexões com o pensamento iluminista. Perseguindo o contágio entre o direito e os aspectos históricos das experiências individuais e coletivas, um dos eixos teóricos principais é a teoria critica e realista dos direitos humanos de Flores. Partindo da assertiva de Boal de que todo teatro é político e que cidadão não é apenas quem vive em sociedade mas quem a transforma, o estudo visita sua revisão crítica do teatro ocidental, de Aristóteles a Brecht, base reflexiva para identificação das principais ideias políticas e culturais que nortearam a criação da Estética do Oprimido. Ganga impura, o Teatro do Oprimido é inserido no contexto histórico que presidiu sua gênese, evidenciando-se o engajamento político de esquerda. As influências sobre o caráter pedagógico são capturadas em autores como Marx, Freire e Brecht. Originados na sociedade, direitos humanos e Teatro do Oprimido se atraem mas, pela capacidade crítica do teatro e da literatura, se repelem sob o signo do não acolhimento. O diálogo entre ambos elege o político como teoria e prática contrahegemônicas. Apresenta a pluralidade de vias como lugar metodológico em que legítimas são as distintas concepções de dignidade humana e de direitos humanos que apontam para uma autoria conjunta, ao invés da filiação exclusiva à modernidade ocidental. Toma a arte como critério aferidor de progresso ou retrocesso axiológico. O universalismo a priori da Declaração Universal dos Direitos Humanos é questionado pela perspectiva de que tais direitos são artefatos históricos construídos e não dados. Resistência à opressão, participação política e transitividade democrática são características comuns dos direitos humanos e do Teatro do Oprimido. A ideia de revolução é revisitada sob o prisma contra-hegemônico, nas visões de Flores e de Boal e na de revolução de conjunto, de Morin. Uma sociedade sem oprimidos e opressores e o horizonte ético são características bastante caras aos direitos humanos e ao Teatro do Oprimido, evidenciando-se a responsabilidade como a ética por excelência de ambos.

ASSUNTO(S)

direitos humanos teatro do oprimido direito aspecto políticosocial democracia contra-hegemonia direito human rights theater of the oppressed law political-social aspect democracy counter hegemony

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