Estudo do valor nutritivo mineral do farelo de arroz : utilização do zinco, ferro, cobre, e calcio pelo rato em crescimento

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

O Brasil produz mais de 700.000 toneladas de farelo de arroz por ano, cujo destino principal é a alimentação animal. Considerando o ainda limitado acesso à alimentação adequada para grande parcela da população, com taxas de desnutrição próximas a 31% em crianças brasileiras de até 5 anos de idade, a utilização deste subproduto como alimento de baixo custo foi proposta, com base em seu teor elevado de nutrientes, principalmente minerais. Os conteúdos de zinco, ferro, cobre, magnésio e manganês ultrapassam várias vezes as necessidades nutricionais do rato, enquanto o teor de cálcio situa-se abaixo do nível desejado. Contudo, o valor nutritivo potencial deste subproduto pode estar afetado pela presença de ácido fítico, um forte agente quelante de cátions mono e divalentes, com comprometimento da absorção dos minerais da dieta. A fim de identificar os minerais mais relevantemente responsáveis pelo reduzido valor nutritivo da fração mineral do farelo de arroz através da influência dos fitatos também presentes no farelo, estudou-se o efeito da suplementação do mesmo com os minerais zinco, ferro, cobre e cálcio, em dois níveis (50 e 100% do valor de requerimento), sobre os indicadores de crescimento (ganho de peso e eficiência alimentar) e deposição hepática de zinco em ratos. O efeito de interações foi avaliado com suplementações combinadas dos minerais. Os resultados mostraram que, apesar do conteúdo original de zinco e ferro no farelo de arroz corresponder a pelo menos 4 vezes o requerimento do animal, a suplementação com estes minerais resultou em valores de ganho de peso, eficiência alimentar e deposição hepática superiores aos obtidos com a dieta basal; a adição de cálcio, de forma isolada ou em combinação com zinco, ferro ou cobre, resultou em baixos valores para os indicadores estudados. Outras combinações, como zinco e ferro, foram mais benéficas para o animal. Conclui-se que os minerais zinco e ferro, contidos no farelo de arroz apresentam-se, nessa ordem, com biodisponibilidade comprometida, e que, melhoramento do desempenho pode ser obtido suplementando-se com zinco a 50% do requerimento ou, alternativamente, com acréscimo da mistura mineral completa. Tentativas de melhorar o balanço de cálcio suplementando-se a dieta a base de farelo de arroz com o mineral não resultam em melhoria dos indicadores e sim em uma redução maior da qualidade da dieta. A concentração de ácido fítico encontrada no farelo de arroz utilizado neste estudo, próxima a 6%, está entre as mais elevadas para alimentos. A presença deste conposto, de reconhecida ação como agente quelante, é apontada como principal interferente na utilização destes minerais, por promover a formação de complexos insolúveis, o que determina diminuição da fração disponível para absorção. Outro aspecto importante da composição do farelo de arroz com possível interferência sobre a biodisponibilidade de minerais é a alta concentração de fibra alimentar, o que merece investigação.

ASSUNTO(S)

zinco - bioviabilidade calcio - bioviabilidade farelo de arroz acido fitico minerais na nutrição

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