Estudo do vírus Epstein-Barr (EBV) em adenocarcinoma gástrico: freqüência, associação clínico-histopatológica e relação com a expressão das proteínas BCL-2, BAX e C-MYC / Study of the Epstein-Barr virus (EBV) in gastric adenocarcinomas: frequency, clinic-histopathologic association and the relation to the expression of the BCL-2, BAX and C-MYC proteins.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O vírus Epstein-Barr (EBV) tem sido associado com a tumorigênese dos adenocarcinomas gástricos, variando entre 1,3-19,3% de acordo com a população estudada. Diversos estudos têm demonstrado importantes evidências do envolvimento do EBV nesse processo, tais como a monoclonalidade do genoma viral e a presença do vírus em quase todas as células tumorais do sitio primário e em células metastáticas. No entanto, os mecanismos utilizados pelo vírus para orquestrar a transformação tumoral, ainda não foram totalmente elucidados. Neste contexto, o presente estudo objetivou investigar a freqüência do EBV e a associação com as proteínas BCL-2, BAX e c-MYC. Para tanto, 100 casos de adenocarcinomas gástricos (67 homens e 33 mulheres), obtidos de dois hospitais de Fortaleza, foram analisados quanto à presença do EBV, detectado através das técnicas de PCR e de hibridação in situ (direcionada ao transcrito viral EBER1) pelo método usual e GenPoint. Procedeu-se também, estudo imuno-histoquímico das referidas proteínas celulares, através do método da estreptoavidina-biotina-peroxidase. A distribuição por sexo, idade, sítio anatômico do tumor e as análises histopatológicas, de modo geral, reproduziram as tendências da literatura mundial. Pela técnica de hibridação in situ, 8 (8%) casos foram positivos, 6 destes apresentaram marcação difusa e 2 apresentaram marcação focal. Apenas 2 apresentaram linfócitos infectados. De modo geral, o EBV apresentou maior associação com o sexo masculino (87,5% [p=0,265]), com tumores situados na cárdia (37,5% [p=0,549]), de estadiamento avançado (IIIB e IV), do tipo intestinal (87,5% [p=0,136]) e moderadamente diferenciados (75%). Nenhum dos casos EBV-positivos exibiram marcação para BCL-2. Embora as proteínas BAX e c-MYC (nuclear) apresentaram índices de positividade e médias de escores significativos no grupo EBV-positivo, estes foram inferiores aos valores do grupo EBV-negativo, sobretudo a proteína c-MYC nuclear (Teste de Mann-Withney LI p=0,039 e HS p=0,045). A marcação citoplasmática da proteína c-MYC revelou valores de marcação discretamente superiores no grupo EBV-positivo. O balanço entre as proteínas BCL-2 e BAX demonstrou que a maioria dos casos estudados apresentavam tendência à apoptose, mas 62,5% dos casos EBV-positivos exibiram um equilíbrio. Vinte e nove casos (28 negativos e 1 positivo) foram submetidos a outro método de hibridação in situ que emprega o sistema da biotinil-tiramida (GenPoint),demonstrando resultados idênticos aos obtidos pela técnica convencional. De 61 casos analisados através da técnica de PCR, 35 (57,4%) foram positivos, sendo constatado um baixíssimo índice de concordância (kappa = -0,026 [0,069]) com a técnica de hibridação in situ. Em 24/35 casos positivos, a deleção de 30pb do gene LMP1 foi investigada, sendo constatada em 37,5% destes. Os resultados obtidos no presente estudo quanto à freqüência do EBV e a correlação com critérios clínico-histopatológicos, reproduziram os achados de estudos realizados em diversas partes do mundo. A correlação com as proteínas sugere que in vivo, o vírus não esteja relacionado com a expressão de BCL-2 e de c-MYC (nuclear), que poderiam atuar em sinergismo favorecendo o desenvolvimento tumoral. A supressão da expressão de BAX, pode representar um mecanismo viral para inibição da apoptose. Os resultados da c-MYC citoplasmática apontam para um possível envolvimento do EBV com mecanismos de transporte da membrana nuclear, determinando o acúmulo da proteína no citoplasma. A baixa freqüência de linfócitos infectados indica que os mesmos não são os principais responsáveis pela elevada positividade da técnica de PCR, devendo ser ao menos em parte, decorrente de epitélio normal e/ou pré-neoplásico infectado sugerindo um padrão de latência que não expresse EBER1.

ASSUNTO(S)

adenocarcinoma gástrico adenocarcinoma gastric carcinomas herpesvirus 4 humano microbiologia medica tumorigênese tumorigenesis vírus epstein-barr neoplasias gástricas epstein-barr virus carcinogênese

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