Geografia, militância e marxismo: a trajetória de Horieste Gomes e sua participação no Movimento de Renovação da Geografia Brasileira

AUTOR(ES)
FONTE

Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFG

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014

RESUMO

Esse trabalho tem como objetivo entender a participação do professor Horieste Gomes no Movimento de Renovação da Geografia Brasileira. Para tanto, lançamos mão do método da abordagem contextual proposto por Berdoulay ([1981] 2003) para subsidiar nossa pesquisa. Ao se pautar nessa perspectiva metodológica, investigamos o desenvolvimento da Geografia, em especial, a chamada Geografia Crítica e a participação de Horieste Gomes no Movimento de Renovação. Entendemos que a ciência se desenvolve a partir de dois fatores importantes: o primeiro é o contexto social, em que está presente e o segundo são as bases teórico-metodológicas que vão alicerçar o pensamento científico. Na Geografia brasileira, nas décadas de 1960, 1970 e 1980, houve o encontro entre esses dois fatores, propiciando um momento de ruptura epistemológica e a formação de uma nova concepção de ciência geográfica. Este encontro possibilitou uma releitura da Geografia e de sua função social, tanto no contexto social, notadamente pelas ações da ditadura militar, como no cenário político-acadêmico, com a possibilidade de uma leitura marxista na fonte – sem intermediações. Todavia, somente ir aos originais do marxismo dentro de um quadro político revelador, não foi o suficiente. Havia a necessidade de realizar uma difícil tarefa: casar a teoria marxista com a ciência geográfica. De que modo isso poderia ocorrer, já que tradicionalmente a Geografia lidou melhor com os aspectos físicos do que com os humanos? Como incorporar o marxismo numa ciência que, por vários anos, tinha como método apenas a descrição? Essas questões, apesar de secundárias nesta pesquisa, dão o tom da difícil missão dos autores, que são protagonistas do Movimento de Renovação da Geografia, como é o caso de Horieste Gomes. Ele, com uma concepção claramente leninista, consegue resolver, de seu modo, todos esses problemas. Primeiro pelo entendimento de que a neutralidade científica não deve existir para essa corrente do pensamento geográfico, isto é, o pesquisador deve tomar partido pela classe trabalhadora, realizar sua pesquisa com enfoque nessa concepção. Com esse argumento, critica veementemente as correntes anteriores, a Geografia Tradicional e a Quantitativa. Também entende que o geógrafo pode contribuir para a formação de uma consciência transformadora da sociedade, por isso, a adoção do materialismo histórico e dialético é o que melhor contribui para tal processo. Pois, este é o único método capaz de produzir uma análise totalizante e emancipadora. A partir deste ponto de vista, faz suas considerações acerca do conhecimento geográfico sem que haja a dicotomia entre a Geografia Física e a Humana. Compreende que há uma relação entre o homem e a natureza mediada pelo trabalho e que ao entender esta, a partir do materialismo histórico e dialético, percebe que a natureza é historicizada e o homem é naturalizado, conforme ela se estreita. Por fim, esclarece que somente o modo de produção socialista é capaz de harmonizar a relação entre homem e natureza, visto que nessa perspectiva, a natureza não seria vista apenas como recurso e a socialização de sua contemplação poderia gerar uma consciência socioambiental.

ASSUNTO(S)

horieste gomes movimento de renovação da geografia geografia crítica geografia e marxismo geography renewal movement critical geography geography and marxism ciencias humanas::geografia

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