Hipertensão arterial e complicações associadas: análise do risco cardiovascular e da adesão ao tratamento em usuários do Sistema Único de Saúde. / Hypertension and associated complications: analysis of cardiovascular risk and adherence to treatment in users of the Unified Health System.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

02/09/2011

RESUMO

As doenças cardiovasculares representam um problema no cotidiano da saúde coletiva. Teve-se como objetivo geral avaliar o risco cardiovascular em usuários com hipertensão e complicações associadas com e sem adesão ao tratamento anti-hipertensivo acompanhados na Estratégia Saúde da Família de Fortaleza-CE. Pesquisa transversal, analítica e quantitativa, com coleta de dados durante os meses de abril a julho junto a 406 hipertensos com complicações associadas, por meio de visitas domiciliares nas quais se aplicou um formulário que abordava as características sociodemográficas e clínico-epidemiológicas, além de uma escala avaliativa da adesão terapêutica. Em um segundo momento, coletaram-se os resultados dos exames bioquímicos e avaliou-se o risco cardiovascular por meio de três instrumentos (Escore de risco de Framingham para Doença Cardiovascular Geral, Escore de risco de Framingham para Doença Coronariana Grave e instrumento do Systematic Coronary Risk Evaluation). Para a análise, realizaram-se testes de associação estatística (X2) e regressão linear múltipla pelo método stepwise, considerando p<0,05. De acordo com os resultados, houve predominância do sexo feminino, idosos, casados, escolaridade de até oito anos de estudo e renda per capita inferior a um salário mínimo. Cerca de metade encontrou-se com as pressões arteriais sistólicas e diastólicas variando de ótima a limítrofe; a maioria com excesso de peso; metade dos homens e quase a totalidade das mulheres com circunferência abdominal aumentada. Como fatores de risco mais frequentes constaram história familiar positiva de DCV, sedentarismo, ex-tabagismo e DM desenvolvido por 12,1% dos participantes. Metade teve diagnóstico de hipertensão entre dez e quinze anos, enquanto as complicações se deram entre cinco e dez anos. O acidente vascular encefálico foi a complicação mais frequente e o principal motivo de internações. Mas as mulheres foram as mais acometidas por afecções cardiovasculares e verificou-se associação estatística entre sexo e complicações (p=0,011). Já a adesão ao tratamento anti-hipertensivo foi de 43,8%, discretamente maior entre as mulheres. O risco cardiovascular dos usuários com e sem adesão ao tratamento mostrou correlação linear negativa de grau moderado e significativo para Framingham DCGe e SCORE, e leve sem significância para Framingham DCGr. Os homens possuíam RCV maior que as mulheres. Os instrumentos apresentaram boa sensibilidade para medir o risco dos participantes. Quanto à especificidade, eles revelaram graus de variação, sendo o Escore de risco de Framingham para DCGe mais específico e o Escore de risco de Framingham para DCGr menos. A regressão linear múltipla stepwise demonstrou que apesar dos instrumentos possuírem preditores de risco comuns, a força de associação das variáveis previsoras que explicam o modelo é diferente para cada uma delas. Segundo se conclui, o risco cardiovascular de hipertensos com complicações associadas é influenciado pela adesão ao tratamento, bem como pelas características sociodemográficas e clínicas da clientela. Mas a escolha do instrumento de avaliação de RCV deve ser criteriosa, pois este vai depender da população a ser estudada.

ASSUNTO(S)

doenças cardiovasculares fatores de risco hipertensão complicações cooperação do paciente saude coletiva cardiovascular diseases risk factors hypertension complications patient compliance

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