Idéias, livros e polêmicas: a nossa vida literária nas páginas do Jornal do Brasil / Ideas, books and polemics: our literary life in the pages of Jornal do Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O Jornal do Brasil surgiu em 1891, quando a proclamação da República ainda dividia opiniões entre políticos, intelectuais, escritores e homens de imprensa. No mesmo ano, Said Ali assina os primeiros artigos de crítica literária do novo periódico, até que José Veríssimo assume o cargo de crítico titular. No folhetim Às segundas-feiras passou em revista a nossa pacata vida literária, ofuscada pelos debates políticos. Na virada para o século XX, Osório Duque-Estrada transfere sua coluna Registro literário, antes mantida no Correio da Manhã, para o Jornal do Brasil, onde permanece até 1927, ano da morte de Carlos de Laet, controverso colaborador e ex-crítico de arte do jornal. Duque-Estrada é sucedido por João Ribeiro, que mantém a coluna Dia sim, dia não até o ano de 1934, quando a crítica literária fica a cargo de Múcio Leão. Nos anos trinta, surgem os primeiros especialistas em literatura formados pelas universidades, o que proporcionou o embate entre os críticos de rodapé, que imperaram nos jornais durante os anos quarenta, e os acadêmicos, cada vez mais empenhados em participar da vida cultural do país. Em 1956, surge o Suplemento Dominical do Jornal do Brasil, que deu início à reforma editorial sofrida pela folha carioca. Concentrando intelectuais e representantes das mais diversas correntes artísticas, o suplemento logo assumiu uma postura de vanguarda, radicalizada quando leva para suas páginas os ideais da poesia concreta. A seção dominical foi palco da cisão entre os concretistas paulistas e cariocas, trazendo à público uma debate cujos ecos ainda se fazem sentir trinta anos depois, quando Ferreira Gullar e Haroldo de Campos trocam insultos através das páginas do Idéias: suplemento de livros, o caderno literário criado pelo Jornal do Brasil em 1986, ano em que o mercado editorial brasileiro sofreu uma expansão nunca antes sentida em função do processo de abertura política. Em 2006, o suplemento, agora intitulado Idéias e Livros, completou trinta anos de existência, sobrevivendo às sucessivas crises financeiras por que passou o jornal. No entanto, as polêmicas já não ocupam as páginas das seções literárias, hoje dominadas pelas resenhas, de caráter mais divulgativo do que analítico. Mesmo assim, vez por outra, surge um debate envolvendo as declarações de algum crítico, mas que não passa da réplica. Para traçar a evolução da crítica literária brasileira, desde o século XIX ao atual, recorreu-se às páginas do Jornal do Brasil em diferentes momentos históricos. Apesar das transformações sofridas pela imprensa e pelo papel social atribuído ao escritor, pode-se dizer que pouca coisa mudou na relação entre jornalismo e literatura. Assim como os romancistas do século XIX, os escritores contemporâneos continuam a trabalhar nas redações para dar conta de suas necessidades materiais. O dilema entre sobrevivência e vocação literária permanece na nossa vida literária

ASSUNTO(S)

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