Implementação e avaliação empírica de programas com duas crianças surdocegas, suas famílias e a professora. / Implementation and assessment empirical the programs with two deafblind children, their families and their classroom teacher.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

O objetivo deste trabalho é implementar e avaliar programas de intervenção com crianças surdocegas, suas famílias e com a professora, tendo por base técnica a abordagem co-ativa de van Dijk e na perspectiva sócio-histórica. O estudo foi desenvolvido no Distrito Federal, em uma escola pública de ensino especial, e nas residências das alunas, durante nove meses. Trata-se de um estudo de caso com duas alunas surdocegas, uma com 7 e outra com 9 anos de idade cronológica, suas famílias e a professora-regente. As alunas não apresentavam outros comprometimentos aparentes além da surdocegueira. A pesquisa foi dividida em três estudos: estudo A, com a professora; estudo B, com as famílias e estudo C, com as alunas. Para cada estudo foram desenvolvidas três fases de coleta de dados: avaliação inicial, intervenção e avaliação final. Os resultados obtidos foram analisados qualitativa (análise de conteúdo) e quantitativamente (freqüência e percentagem). Os dados dos três estudos (A, B e C) foram analisados e comparados em relação ao próprio desempenho obtido pela professora, famílias e alunas em três períodos distintos. Os resultados nestes estudos indicaram um avanço relevante para todos os participantes. Embora não se pretenda mostrar como se dá toda a construção da comunicação alternativa em crianças surdocegas, a partir dos dados obtidos ficou evidente que houve um desenvolvimento da modalidade gestual de comunicação receptiva e expressiva pautada no conjunto de recursos alternativos de comunicação disponibilizados durante a intervenção. Os resultados sugerem que as estratégias propostas por van Dijk na década de 60 mostraram-se eficazes quando associadas a práticas de sala de aula que privilegiaram o uso simultâneo de vários recursos de comunicação (língua de sinais, gestos, movimentos corporais coordenados, fala, Tadoma, escrita, etc.). As alunas que inicialmente apresentavam comunicação expressiva elementar e inadequada (birra, choro, sons estridentes, etc.), no final da pesquisa passaram a apresentar competências comunicativas baseadas no uso de sinais, escrita, dactilologia, fala, gestos, etc. Além disto, o desempenho das alunas melhorou em termos de participação nas habilidades para realização de tarefas, concentração e comunicação, passando a demandar mais informações do seu meio. No estudo B constatou-se que era comum, no início da pesquisa, a família enfatizar a deficiência de suas filhas surdocegas; durante a intervenção os pais passaram a verbalizar a respeito de sua eficiência e potencialidades. Constatou-se também, que inicialmente as explicações dos pais e da professora sobre os comportamentos e desempenhos das alunas remetiam à condição biológica delas; posteriormente, pais e professora passaram a considerar o desenvolvimento como resultado da relação entre as condições físicas e sócio-culturais presentes nas interações. Notou-se um crescimento da responsabilidade dos pais e da professora com o desenvolvimento e desempenho das crianças, bem como na necessidade deles em aprender habilidades e técnicas necessárias para garantir que as crianças tenham acesso às informações. O processo de formação em serviço (treinamento da professora) mostrou-se mais eficiente quando envolve aspectos teóricos, demonstração de habilidades e oportunidades para a professora observar, praticar e refletir sobre a própria prática de ensino.

ASSUNTO(S)

desenvolvimento da linguagem educação especial - estudantes surdocegos alfabetização educacao especial programa de ensino

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