Infância e experiência : as narrativas infantis e a arte-de-viver o cuidado
AUTOR(ES)
Lima, Patrícia de Moraes
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
A perspectiva predominante de captura da infância marcou e vem marcando as diferentes narrativas que pressupõe o lugar de incompletude, ingenuidade, beleza irrestrita, bondade, entre tantos outros atributos que definem este lugar. Problematizar essas concepções de início, repetidas nos diferentes contextos e práticas sociais que envolvem a infância, nos remete a um movimento que desarranja nossas „primeiras‟ verdades e nos instiga, mais do que saber o que é a infância, pensá-la como algo ainda por nós desconhecido. Vemos que toda tentativa de fixar a infância em uma única designação constitui-se num exercício em encerrar, em sobrepor um valor, uma norma, uma posição-de-sujeito que institui territórios, que pretensiosamente designa a si toda a palavra aprisionando-a e aprisionando-se à ela. Perceber que essa palavra eclode em múltiplos sentidos, desdobra-se num enigma seguido por infinitos deslizamentos conceituais. Portanto, supor que a infância, por vezes, poderá expressar-se numa experiência, me provoca saber se existe a possibilidade de uma infância fora da linguagem e se nesse deslizamento contínuo de se experenciar na e pela linguagem, poderá residir uma infância-experiência que nos agencia um modo de cuidado de nós mesmos. Essa infância me convida a pensar o mundo por suas irregularidades, precariedades, contingencionalidades, por fim , me exige lidar com um outro campo discursivo, esse que se faz por aquilo que vaza, por aquilo que resiste, por uma força vital de liberdade que nos interpela a pensarmos sobre nós mesmos. Como dimensão do inesperado, a imprevisibilidade desta infância nos instala a dúvida e a incerteza como possibilidade de conhecer o que ainda não conhecemos, de saber o que ainda não sabemos, mas, sobretudo, de assumirmos uma postura diante das coisas do mundo, que nos coloque no lugar de nossa mera humanidade, a de que nem tudo e com tudo podemos.
ASSUNTO(S)
enfance etnografia infância expérience psicologia da educação communauté de destin educação infantil art de vivre soin psicologia infantil fluxs correspondance trajets
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/15340Documentos Relacionados
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