Mecanismos de resistência à infecção por Leishmania major e Trypanosoma cruzi mediados por IFN- e independentes de Óxido Nítrico: do reconhecimento à imunidade efetora

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O desenvolvimento adequado da resposta imune é essencial para a resistência do hospedeiro contra microorganismos invasores. Neste trabalho, demonstramos que a combinação de diferentes TLRs é necessária para um reconhecimento adequado do patógeno e uma resposta imune em níveis ótimos com alta produção de IFN- e óxido nítrico (NO). NO é considerado o mais importante anti-microbiano induzido por IFN- na resistência a L. major e T. cruzi. Entretanto, recentemente Cummings et al (2004) demonstraram que enquanto camundongos deficientes para IFN- (ifn- KO) são extremamente susceptíveis ao T. cruzi, camundongos deficientes para NOS2 (nos2 KO) são resistentes. Resultados semelhantes podem também ser observados na leishmaniose, nossos dados demonstram que animais ifn- KO morrem com 11 semanas após a infecção com L. major, enquanto animais nos2 KO sobrevivem por até 30 semanas de acompanhamento. Além disso, a patologia e a visceralização do parasita para o fígado e baço foram muito mais graves nos camundongos ifn- KO quando comparados aos camundongos nos2 KO. Tais resultados claramente demonstram que, semelhante à infecção por T. cruzi, mecanismos adicionais induzidos por IFN- são importantes para o controle da L. major. Assim, o papel de ROS foi estudado como um possível mecanismo complementar na imunidade a L. major e T. cruzi. Em nenhum desses modelos a ação de ROS na contenção da replicação parasitária foi considerada relevante. Todavia, nossos resultados sugerem que ROS podem ter um papel na restrição dos efeitos sistêmicos do NO induzido na infecção por T. cruzi. Nós demonstramos que animais deficientes para NADPH oxidase (phox KO) atingiam 100% de mortalidade até o dia 21 após a infecção apresentando um controle adequado no parasitismo nos tecidos e no sangue, níveis aumentados de NO no soro e instabilidade pressórica, embora os mecanismos envolvidos com a susceptibilidade dos animais phox KO ante a infecção com T. cruzi ainda estejam em estudo. Estudos adicionais demonstraram que as recentemente descritas p47GTPases, uma famílias de proteínas induzidas por IFNs, podem ser o elo entre a imunidade dependente de IFN- e independente de NO a tais parasitas. Animais selvagens (WT) e nos2 KO infectados com L. major expressam níveis bem mais altos de LRG-47, IRG-47 e IGTP na pata, linfonodo, baço e fígado que aqueles apresentados por camundongos ifn- KO. Encontramos também que LRG-47 tem sua expressão aumentada durante a infecção por T. cruzi. Para melhor investigar o papel da LRG-47 a tal patógeno, infectamos camundongos WT e LRG-47 KO com 1000 formas tripomastigotas e avaliamos a parasitemia, sobrevivência e resposta imuno- patológica. Os animais LRG-47 KO apresentaram uma parasitemia muito próxima ao selvagem até o dia 12 de infecção com a perda do controle do parasita no sangue após essa data. O aumento do parasitismo sanguíneo esteve associado a mortalidade de 100% até o dia 19 após a infecção. Apesar disso, os animais LRG-47 KO exibiram resposta pró-inflamatória preservada ao longo da infecção. Estudos in vitro revelaram que macrófagos deficientes em LRG-47 apresentavam uma capacidade reduzida de matar o T. cruzi até mesmo quando estimulados com IFN-. Tal deficiência, entretanto, não esteve associada a uma expressão prejudicada de TNF ou NOS2. A inibição de NOS2 em macrófagos LRG-47 KO e o silenciamento genético de LRG-47 em macrófagos NOS2 KO revelaram que ambos mecanimos são independentes. Assim, sugerimos que cooperam para uma ótima resposta induzida por IFN- no controle da replicação do parasita.

ASSUNTO(S)

leishmania teses. tripanossoma cruzi teses

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