Molecular investigation of Rickettsia in arthropods vectors in area under accentuated anthropic pressure in the Rio Doce Valley, State of Minas Gerais / Infecção por Rickettsia em artrópodes vetores de uma região sob acentuada pressão antrópica no Vale do Rio Doce, Estado de Minas Gerais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

10/11/2009

RESUMO

O gênero Rickettsia é constituído por alfa-proto-bactérias gram-negativas, pleomórficas, parasitas intracelulares obrigatórias que infectam preferencialmente células endoteliais, podendo ser transmitidas ao hospedeiro vertebrado por meio de pulgas, piolhos e, principalmente, carrapatos. Esses microrganismos, amplamente distribuídos pelo mundo, são relatados em carrapatos provenientes de quase todo território brasileiro, porém, com elevada concentração na região sudeste, sendo as enfermidades ocasionadas pelos mesmos, agrupadas sob a denominação de riquetsioses. Entre as riquetsioses, a febre maculosa Brasileira (FMB), cujo agente etiológico é a Rickettsia rickettsii, é a mais frequente em nosso país. Os sintomas mais comuns desta enfermidade são: febre súbita, dor de cabeça, mialgias, mal estar, podendo surgir exantemas das extremidades dos membros para a região do tronco, ou seja, de forma centrípeta, além de manifestar-se na palma das mãos e planta dos pés. Na maior parte das vezes, os sintomas são indiferenciados de outras doenças, sendo muito importante a caracterização epidemiológica do paciente. Neste contexto, este trabalho teve como objetivo verificar por investigação molecular a ocorrência de organismos em carrapatos coletados em área endêmica para FMB sob acentuada pressão antrópica, pela construção de um empreendimento hidrelétrico localizado próximo às pastagens e aos fragmentos de Mata Atlântica, no limite entre os municípios de Caratinga e Ipanema, no Vale do Rio Doce, estado de Minas Gerais. Foram coletados 863 carrapatos de vida livre pelo método de arraste de flanela branca e armadilha de CO2 e 90 carrapatos parasitando animais domésticos (equinos e cães). Esses carrapatos foram identificados por meio de chaves taxonômicas e processados para a extração do DNA genômico. O DNA purificado foi testado por meio da nested-PCR quanto à presença de Rickettsia spp., com o uso de iniciadores gênero-específicos. Foram encontrados estádios imaturos de carrapatos do gênero Amblyomma, assim como as espécies: A. cajennense, Dermacentor nitens, Rhipicephalus microplus e R. sanguineus, sendo observado o predomínio de carrapatos do gênero Amblyomma (94,6%). Das espécies em relação de parasitismo, A. cajennense (41,1%), seguida por R. sanguineus (34,4%), apresentaram maior prevalência nos animais domésticos estudados. Foram encontradas Rickettsia spp. infectando carrapatos em sete de um total de 32 lotes avaliados. Dentre eles apenas um lote era referente a carrapatos de vida livre, sendo os demais referentes a carrapatos em relação de parasitismo. As taxas mínimas de infecção para A. cajennense, D. nitens, R. microplus e R. sanguineus, foram de 2,27%, 12,5%, 16,67% e 6,45%, respectivamente. Estes resultados associados ao indício de casos suspeitos de FMB na região sugerem a presença de riquétsias circulantes na área, evidenciando a necessidade de outros estudos moleculares e sorológicos, buscando-se uma melhor compreensão dos papeis de animais domésticos esilvestres na epidemiologia das riquetsioses e de seus artrópodes vetores,especialmente quando submetidos a consideráveis níveis de pressão antrópica associada a elevada interferência ambiental, com conseqüente modificação dos ecossistemas.

ASSUNTO(S)

rickettsia vale do rio doce artrópodes biologia molecular rickettsia rio doce valley arthropods

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