O mercado de terras e as transformações na sociedade agrária, na região de Cruz Alta R/S, a partir do avanço da produção de grãos, entre os anos 1990 a 2004

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente estudo tem como objetivo, analisar o mercado de terras e as transformações na sociedade agrária na região de Cruz Alta R/S, a partir do avanço da produção de grãos, entre os anos de 1994 a 2004. Visa elucidar a problemática das mudanças na estrutura fundiária, com o estabelecimento de um mercado de terra que provoca transformações na sociedade agrária regional. A hipótese básica afirma que as mudanças no espaço agrário regional são estudadas pelas dinâmicas e características de uso e apropriação da terra, e de seu fluxo de compra, pelo fato do adquirente buscar estabelecer uma maior escala de produção, com ampliação de área sob seu domínio. Para a compreensão da dinâmica da história agrária regional, o recorte histórico foi entre os anos de1990 a 2004, período de mudanças das políticas econômicas e agrícola do governo Collor. Metodologicamente quanto aos fins, a pesquisa foi descritiva e explicativa, já em relação aos meios, utilizou-se referencial bibliográfico, documental e pesquisa de campo. A pesquisa de campo foi realizada no município de Pejuçara R/S, nos meses de fevereiro a julho de 2008, utilizou-se do método de entrevista, com 28 perguntas semiestruturadas, com amostra de 30 produtores/proprietários que representou 10,9 % do universo. A tese apresenta uma nova abordagem, com objetivo de contribuir na reflexão a respeito das questões fundiárias. Sua interpretação busca resgatar o passado contido no presente, através da formação socioespacial. Mas o ineditismo reside na pesquisa local, sua interpretação a partir do estudo dos processos de colonização, modernização, transformações e permanências da classe de proprietários rurais. O estudo permitiu identificar a renda fundiária e suas possibilidades de apropriação, além de demonstrar que a renda é um fator determinante no preço da terra. Revelou que, em 1983, um hectare de terra para o cultivo, valia o equivalente a 50 sacas de soja; 80 sacas no ano de 1988 e 250 sacas em 1991. No ano de 1996 atinge a cotação de 480 sacas de soja o hectare, mesmo recuando para 250 no ano de 2000, volta a subir para 310 sacas no ano de 2002, chegando novamente ao patamar de 480 sacas por hectare no ano 2006. Dos produtores pesquisados, 40 % consideram a compra de terras um investimento excelente e 57 % consideram um bom investimento, e dotada de um valor simbólico e de muita significância, pois segundo eles é meio de sobrevivência, patrimônio para o futuro e alta valorização. O nível do preço da terra é o resultado das expectativas: rendas produtivas decorrentes da propriedade do ativo; custo de manutenção; prêmio de liquidez e ganho patrimonial. Essa realidade induz a junção do proprietário fundiário e o capitalista arrendatário numa só figura social, como forma de minimizar as perdas de renda absoluta, diferencial e até mesmo a renda agrícola. Essa nova configuração, mesmo sendo uma tendência, aponta para o surgimento de novos atores sociais e um novo modelo agrícola.

ASSUNTO(S)

grÃos - produÇÃo renda agrÍcola - rio grande do sul agricultura - rio grande do sul - histÓria historia

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