O tratamento da dor crônica na minha biografia: um estudo sobre a compreensão psicológica da adesão ao tratamento na Clínica de Dor

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O objetivo deste estudo foi o de compreender a inserção da dor crônica na história de participantes de um programa psicoeducativo de abordagem psicodramática (PAP), na busca de indicadores que auxiliassem na compreensão da adesão aos tratamentos propostos na Clínica de Dor. A opção de se trabalhar com pacientes que se submeteram ao PAP deveu-se ao fato de, no programa, serem contempladas variáveis, como regime de tratamento e fluência dos canais de comunicação entre a equipe e o paciente. Dessa forma, favoreceu a identificação de outros aspectos que puderam ampliar a compreensão da adesão. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa realizada em duas etapas: percurso de cada integrante no PAP, e reencontro, dois anos depois, para follow-up e caracterização do momento presente de vida (sessão de grupo e entrevistas individuais). Procurou-se compreender como a dor se inseriu na história de vida dos pacientes, bem como identificar elementos pregressos e atuais, passíveis de interferência na adesão ao tratamento. Fizeram parte desta investigação, seis mulheres e um homem, com média de idade de 45 anos, que conviviam com quadros de dor há aproximadamente quatro anos. No follow-up, utilizaram-se como indicadores de êxito do PAP os estágios de prontidão para mudança, os padrões de convívio com a dor e a análise dos objetivos pessoais, tendo-se verificado que as conquistas obtidas com o programa permaneceram, sendo as instabilidades atuais atribuídas a contingências diárias e/ou dificuldades pessoais. Diferentemente do início do PAP; os objetivos pessoais não se restringiam ao convívio com a dor ou ao tratamento adotado. A análise da história de vida e da atual permitiu compreender a adesão como um conceito que se estrutura a partir da composição de diferentes relativos ao indivíduo; às condições físicas e ambientais. Conclui-se que a adesão deve ser compreendida como uma postura que se construída ao longo da biografia de cada um. Sem se poder medi-la ou desconsiderar a narrativa do paciente. A adesão parece ser mais uma ideologia, ou seja, a expressão de fatos (psicológicos, sociais e econômicos) que não costumam ser reconhecidos como determinantes no tornar-se aderente. Dessa forma, por mais que os programas psicoeducativos a favoreçam, não garantem mudanças definitivas nem impedem possíveis recaídas, caso não sejam trabalhadas, concomitantemente, variáveis individuais (as necessidades de cada participante), pois o núcleo de afeto básico de uma pessoa fundamenta a maneira como ela vai interagir no mundo e cuidar de si

ASSUNTO(S)

psicodrama dor crônica dor -- tratamento psicologia chronic pain clinicas de dor dor -- aspectos psicologicos

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