Plantas medicinais e saúde bucal: estudo etnobotânico, atividade antimicrobiana e potencial para interação medicamentosa.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O objetivo deste trabalho foi identificar através de estudo etnobotânico, as plantas medicinais mais utilizadas para tratamento de doenças bucais e, avaliar a atividade antimicrobiana e o potencial para interações medicamentosas com antibióticos. Para tanto, realizou-se estudo etnobotânico nos municípios de Cruz do Espírito Santo, Guarabira, Jacaraú, João Pessoa, Mamanguape, Santa Rita e Sapé, onde 62 raizeiros, 385 usuários e 197 cirurgiões-dentistas participaram de uma entrevista e responderam a questões que envolviam indicadores sócio-econômicos e culturais e, outras relativas ao uso de plantas medicinais para tratar doenças bucais. Avaliou-se a atividade antimicrobiana das cinco plantas mais citadas no estudo etnobotânico. Para o ensaio da atividade antibacteriana dos extratos etanólicos brutos e decoctos das cascas de Abarema cochliacarpos (Gomes) Barneby &J.W. Grimes (barbatimão), Anacardium occidentale L., (cajueiro-roxo), Punica granatum L. (romã), Schinus terebinthifolius Raddi (aroeira) e Ziziphus joazeiro Mart. (juá) em linhagens de Streptococcus mutans (ATCC25175), Streptococcus mutans (ATCC700610), Streptococcus oralis (ATCC10557), Streptococcus salivarius (ATCC7073) e Staphylococcus aureus (ATCC6538, determinou-se a Concentração Inibitória Mínima (CIM) e a Concentração Bactericida Mínima (CBM). Os ensaios foram realizados através do método de difusão em meio sólido, utilizando discos de papel de filtro e, pelo método de difusão em meio líquido, utilizando placas de 96 poços. A interferência dos extratos etanólicos brutos e dos decoctos das cascas das plantas na atividade dos antibióticos Ampicilina - 10 μg/mL, Amoxicilina 10 μg/mL e Cefalexina 30 μg/mL foram avaliados em modelo experimental de microdiluição em caldo. Os resultados evidenciaram que, com exceção do decocto do Ziziphus joazeiro Mart., com atividade apenas frente ao Streptococcus mutans (ATCC25175) e o da Punica granatum L., frente ao Streptococcus salivarius (ATCC7073), todos os demais produtos testados mostraram atividade antimicrobina frente aos microrganismos ensaiados. Os halos de inibição variaram de 12 a 28mm para os extratos e de 6 a 18mm para os decoctos ensaiados. A CIM variou de 15 a 150 μg/mL e de 200 a 400 mg/mL, respectivamente, para os extratos e decoctos testados. A CBM dos extratos estudados variou de 40 a 400 μg/mL e, a dos decoctos foi >400 mg/mL. Observaram-se efeitos de sinergismo e de antagonismo nas associações entre as plantas medicinais e os antibióticos ensaiados, indicando interferência dos extratos testados na atividade dos antimicrobianos selecionados. Os resultados apresentados neste estudo indicam que as plantas medicinais são utilizadas popularmente como recurso terapêutico na área da Odontologia e que, a associação das plantas e antibióticos ensaiados, neste modelo experimental, apresentou potencial para promover interações medicamentosas sinérgicas ou antagônicas. Portanto, as plantas medicinais mais utilizadas pela população apresentaram atividade biológica antimicrobiana. No entanto, o uso simultâneo com medicamentos merece atenção dos usuários e dos profissionais de saúde.

ASSUNTO(S)

medicinal plants saúde bucal odontologia fitoterapia ethnobotanical study oral health drug interaction etnobotânica plantas medicinais interações medicamentosas phytotherapy

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