Previsão de guildas de dispersão e de fenologia foliar com base em atributos funcionais para espécies arbustivo-arbóreas em uma área de cerrado sensu stricto em Itirapina (SP).

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

7 A classificação das plantas terrestres baseada em tipos funcionais, em vez de na identidade taxonômica, tem sido reconhecida como uma maneira promissora de lidar com questões ecológicas importantes em nível de comunidades, paisagens e biomas. Os objetivos de um esquema de estratégia ecológica vegetal (EEEV) são o entendimento das forças seletivas que moldam a ecologia das plantas e a descrição dos princípios gerais da relação entre as plantas e o ambiente sem necessidade de detalhamento taxonômico, a fim de que se construa uma linguagem comum para a comparação de espécies e tipos vegetacionais em escala mundial. Westoby (1998) propôs um EEEV para espécies arbustivo-arbóreas, constituído por três eixos: 1) área foliar específica (AFE); 2) altura da copa; e 3) massa da semente. Essas três características, folha-altura-semente (FAS), estão correlacionadas com várias outras e representam comprometimentos fundamentais que controlam as diferentes estratégias ecológicas das plantas. O objetivo deste trabalho foi testar, em uma área disjunta de cerrado sensu stricto em Itirapina SP, se os traços funcionais propostos no esquema FAS são potenciais previsores das guildas de dispersão. Procuramos responder à seguinte pergunta: com base no esquema FAS, as espécies dispersas por mecanismos abióticos apresentam estratégias ecológicas diferentes das espécies dispersas por animais? Ainda, testamos, na mesma comunidade, se a área foliar específica e a altura da planta foram potenciais previsores da fenologia foliar (espécies decíduas e sempre-verdes). Nesse caso, tentamos responder à seguinte pergunta: a área foliar específica e a altura estão relacionadas com o hábito foliar da planta? De acordo com os nossos resultados, os atributos funcionais estudados não puderam prever nem as guildas de dispersão nem a fenologia foliar. A similaridade da área foliar específica nos dois casos pode ser devida a dois fatores: altura similar das espécies (hábitats com disponibilidade de luz parecida) e esclerofilia. A deficiência nutricional do solo deve conduzir as espécies arbóreas de cerrado a ajustes adaptativos convergentes, tanto no que diz respeito à área foliar específica (baixos valores esclerofilia) quanto no que diz respeito à altura. As guildas de dispersão foram similares quanto à massa da semente, tendo em vista que todas as espécies zoocóricas amostradas eram ornitocóricas, cuja massa da semente é tipicamente reduzida, e que as espécies abioticamente dispersas tiveram sementes com massas maiores do que o esperado. No cerrado, isto pode ocorrer em suporte à elevada razão raiz-parte aérea das sementes de algumas espécies do cerrado. Por outro lado, as espécies ornitocóricas são limitadas no tamanho e na massa por causa do pequeno tamanho da maioria das aves frugívoras. Além disso, no cerrado, algumas plantas ornitocóricas podem ter seus diásporos coletados por formigas, o que favoreceria a germinação de suas sementes.

ASSUNTO(S)

ecologia de comunidades estratégia ecológica leaf phenology traços funcionais functional traits fenologia cerrado woodland dispersão dispersal guilds cerrado "sensu stricto" ecologia plant ecology strategy schemes

Documentos Relacionados