Residue from common bean (Phaseolus vulgaris L.) processing in the rations of cattle / Resíduo proveniente do beneficiamento do feijão (Phaseolus vulgaris L.) em rações para bovinos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O presente trabalho foi composto por três experimentos. No primeiro, objetivou-se avaliar a substituição da amiréia de fubá de milho com equivalente protéico (EP) igual a 120% (AM120), pela amiréia de resíduo de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) com diferentes níveis de EP (AF120; AF70 e AF57), em rações para novilhos sobre as seguintes variáveis: consumo, digestibilidades totais e parciais aparentes dos nutrientes, pH e nitrogênio amoniacal ruminal (N-NH3), produção e eficiência microbiana ruminal, N-uréia plasmático (NUP) e excreções urinárias de N total e N-uréia. Quatro novilhos castrados, fistulados no rúmen e no abomaso, com peso vivo médio inicial de 378 kg foram distribuídos em um delineamento em quadrado latino 4x4. O experimento teve duração de 60 dias e foi dividido em quatro períodos de 15 dias cada. Os animais permaneceram em baias individuais, onde receberam rações completas que foram ofertadas em nível que propiciasse sobras médias diárias de 5%, com base na matéria seca (MS), na proporção de 60:40 volumoso:concentrado. As dietas isonitrogenadas, constituídas de feno de capim coast-cross (Cynodon dactylon) e concentrados, foram formuladas de acordo com o NRC (1996). Os consumos de MS, matéria orgânica (MO), proteína bruta (PB), carboidratos não-fibrosos (CNF), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente neutro indigestível (FDNi) e nutrientes digestíveis totais (NDT) não foram afetados pelas dietas. Apenas o consumo de extrato etéreo (EE) diminuiu para os tratamentos (AF) em relação ao referência (AM). Os coeficientes de digestibilidades (CD) totais, ruminais e intestinais da MS e de todos os nutrientes não foram afetados, à exceção do CD intestinal dos CNF que reduziu para o tratamento AF57. Não houve diferença entre os tratamentos para pH e N-NH3 ruminais, embora estas variáveis tenham sido afetadas pelo tempo de coleta após a alimentação matinal, apresentando comportamento de quarta ordem. Não houve variação no NUP (mg/dL) em função das dietas, mas as excreções urinárias de N-total e N-uréia (g/dia) para amiréias de feijão foram menores do que para amiréia de milho. O tratamento AM promoveu maior produção e eficiência microbiana ruminal do que os tratamentos AF. A utilização de amiréias produzidas a partir do resíduo de feijão comum não compromete a ingestão e utilização de nutrientes dietéticos pelos novilhos. Dessa forma, a amiréia de feijão apresenta-se como alternativa à amiréia de milho. No segundo experimento, objetivou-se avaliar a substituição do farelo de soja pelo resíduo de feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) em rações para novilhos sobre as mesmas variáveis analisadas no experimento anterior. A metodologia utilizada foi a mesma do experimento anterior, salvo o peso vivo médio inicial dos animais (470 kg) e as dietas. Foram ofertadas rações completas em nível que propiciasse sobras médias diárias de 10%, com base na MS, na proporção de 60:40 volumoso:concentrado, contendo 0; 20; 40 e 60% de resíduo de feijão cru no concentrado, em substituição ao farelo de soja. As dietas, constituídas de feno de capim coast-cross (Cynodon dactylon) e concentrados, foram formuladas de acordo com o NRC (1996). Objetivou-se que essas fossem isonitrogenadas e com o mesmo teor de nitrogênio não-protéico (NNP). Os consumos de MS, MO, FDN, FDNi e NDT não foram afetados pelas dietas. Apenas os consumos de PB e EE diminuíram linearmente para os níveis crescentes de substituição, enquanto que o de CNF apresentou comportamento cúbico. Os coeficientes de digestibilidades (CD) total, ruminal e intestinal da MS e MO e total da FDN não foram afetados pelas dietas. O CD total da PB apresentou comportamento quadrático, enquanto que os de EE e CNF apresentaram comportamento linear decrescente e crescente, respectivamente. Os CD ruminais da MS, MO, PB, EE e CNF não foram influenciados pelas dietas, tendo ocorrido alteração apenas no da FDN, que apresentou comportamento quadrático. Em nível de intestinos, apenas o CDEE diminuiu para os níveis crescentes de substituição. Não houve diferença entre os tratamentos para pH ruminal, enquanto que o N-NH3 apresentou comportamento linear decrescente em função dos níveis crescentes de substituição. Estas duas variáveis foram afetadas pelo tempo de coleta após a alimentação matinal e apresentaram comportamentos quadrático e de quarta ordem, respectivamente. Embora os níveis de NUP (mg/dL) não tenham sido afetados pelas dietas, as excreções urinárias de N-total e N-uréia (g/dia) apresentaram comportamento quadrático, com redução até o nível de 40% de substituição e posterior elevação. A produção e a eficiência microbiana ruminal não foram afetadas pelas dietas. Embora a inclusão do resíduo de feijão comum até o nível de 60% do concentrado não comprometa a ingestão de MS, ocorrem alterações na ingestão e digestibilidade de alguns nutrientes dietéticos, demonstrando haver limitações de uso do resíduo. No terceiro experimento, objetivou-se avaliar a substituição do farelo de soja pelo resíduo de feijão comum cru (Phaseolus vulgaris L.) em rações para vacas em lactação sobre as seguintes variáveis: consumos e digestibilidades totais aparentes dos nutrientes, produção e composição do leite, eficiência alimentar, produção e eficiência microbiana ruminal, concentração de NUP, excreções urinárias de N total e N-uréia. Foram utilizadas doze vacas da raça Holandesa, puras e mestiças, com potencial de produção de 6.000 kg de leite por lactação, que foram distribuídas em três quadrados latinos 4x4, balanceados. O experimento teve duração de 60 dias e foi dividido em quatro períodos de 15 dias cada. Os animais permaneceram em baias individuais, onde receberam rações completas, que foram ofertadas ad libitum duas vezes ao dia, na proporção de 60:40 volumoso:concentrado, com base na MS, contendo 0; 13; 26 e 39% de resíduo de feijão cru no concentrado, em substituição ao farelo de soja. As dietas, constituídas de silagem de milho e concentrados, foram formuladas de acordo com o NRC (1989). Objetivou-se que essas fossem isonitrogenadas e com o mesmo teor de NNP. Os consumos de MS, MO, CNF e NDT diminuíram linearmente com o aumento dos níveis de feijão no concentrado. Os consumos de FDN e FDNi não foram afetados pelas dietas e os consumos de PB e EE apresentaram comportamento cúbico. Os CD da MS, MO, EE e FDN não foram afetados pelas dietas, enquanto que os de PB e CNF apresentaram comportamento linear decrescente e crescente, respectivamente. A produção e a composição do leite (gordura, proteína, lactose, extratos secos desengordurado e total), quando expressas em kg/dia, apresentaram redução linear para os níveis crescentes de substituição, embora não tenha havido diferenças nos teores (%) de gordura, proteína bruta e extrato seco total. Não houve diferença entre os tratamentos para as eficiências alimentares. Embora os níveis de NUP (mg/dL) e as excreções urinárias de N-total não tenham sido afetados pelas dietas, as excreções urinárias de N-uréia (g/dia e mg/kg PV) apresentaram redução linear com o aumento dos níveis de substituição. A produção e a eficiência microbiana ruminal não foram afetadas pelas dietas. A inclusão do resíduo de feijão em dietas de vacas leiteiras implica em redução no desempenho dos animais, embora não comprometa a eficiência alimentar.

ASSUNTO(S)

dairy cattle feeds and feeding beans nutricao e alimentacao animal animal nutrition nutrição animal rumen feijão-bandinha bovino de leite agroindustrial residues resíduos agroindustriais ruminante

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