Resultados do transplante de fígado na doença hepática alcoólica
AUTOR(ES)
Parolin, Mônica Beatriz, Coelho, Júlio Cezar Uili, Igreja, Mauro da, Pedroso, Maria Lúcia, Groth, Anne Karoline, Gonçalves, Carolina Gomes
FONTE
Arquivos de Gastroenterologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002-07
RESUMO
RACIONAL: O transplante de fígado é aceito como modalidade terapêutica efetiva nas doenças hepáticas avançadas, incluindo a cirrose alcoólica. OBJETIVO: Avaliar os resultados do transplante hepático em pacientes com cirrose alcoólica no Programa de Transplante Hepático do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR. PACIENTES E MÉTODOS: Análise retrospectiva dos pacientes com cirrose alcoólica submetidos a transplante hepático no Serviço de Transplante Hepático do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná entre setembro de 1991 e janeiro de 2001. Todos os candidatos apresentavam período de abstinência de álcool > 6 meses antes do transplante. A identificação do consumo de álcool no período pós-transplante hepático baseou-se em: (1) informações fornecidas pelo paciente e/ou familiares, e/ou (2) anormalidades bioquímicas sugestivas de consumo abusivo de álcool associadas a anormalidades histológicas compatíveis com lesão pelo etanol. RESULTADOS: Vinte adultos com cirrose alcoólica (19 homens e 1 mulher) com mediana de idade de 50 anos (29-61 anos) foram submetidos a transplante hepático, correspondendo a 13,8% das indicações de transplante hepático em adultos. Em 30% dos pacientes (6/20) houve associação com hepatite viral crônica, e em 1 caso (5%) presença de hepatocarcinoma. A maioria dos pacientes apresentava disfunção hepática grave no pré-transplante (75% Child C). A mediana do tempo de abstinência pré-transplante foi de 24 meses (9 a 120 meses). A mediana do tempo de seguimento pós-transplante foi de 14 meses (1 a 66 meses). A sobrevida do paciente em 1 e 3 anos após o transplante hepático foi de 75% e 50%, respectivamente. As principais complicações observadas foram: rejeição aguda (n = 8; 40%), rejeição crônica (n = 1; 5%), trombose da artéria hepática (n = 3; 15%), complicações biliares (n = 3; 15%) infecção por citomegalovírus (n = 4; 20%), infecções bacterianas e fúngicas (n = 9; 45%). A incidência detectada de recidiva do consumo de álcool foi de 15% (3/20). Em um dos casos de recidiva o uso inadequado dos imunossupressores resultou em rejeição crônica com perda do enxerto. CONCLUSÕES: Transplante hepático na cirrose alcoólica associou-se a níveis satisfatórios de sobrevida a curto e médio prazo. No presente estudo a recidiva do consumo de álcool foi pequena, o que pode ser devido à falta de rastreamento adequado.
ASSUNTO(S)
transplante de fígado hepatopatias alcoólicas
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