Riqueza e abundância de insetos galhadores associados ao dossel florestas de terra firme, várzea e igapó da Amazônia Central

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O mosaico de formações vegetais encontrado na região Amazônica é enorme, bem como a variação dentro de habitats. O presente estudo enfocou os padrões de distribuição de insetos galhadores em três tipos de vegetação: florestas de terra firme, vegetações cujo terreno não sofre alagamentos, florestas de várzea e florestas de igapó, ambas sazonalmente inundadas pelo aumento no nível das águas dos rios. De acordo com a hipótese do estresse nutricional e hídrico, plantas que crescem em solos pobres em nutrientes e com escassez ou excesso de água são mais susceptíveis ao ataque de insetos galhadores. Nas florestas alagáveis foram coletadas 50.238 galhas de insetos, sendo verificado 246 morfotipos de galhas no igapó e 302 morfotipos de galhas na várzea. Das 250 árvores amostradas no igapó, 229 apresentavam galhas de insetos. Nas florestas de várzea foi observado um número maior de árvores não atacadas, 66 indivíduos de um total de 312 árvores amostradas. A abundância destes insetos não apresentou diferenças significativas entre habitats ou entre tipos de floresta. Já as florestas de igapó um menor número de espécies arbóreas tendem a acumular uma maior riqueza de insetos galhadores. Assim, as árvores de florestas sazonalmente inundadas podem ser mais ou menos atacadas por insetos galhadores, dependendo da disponibilidade de nutrientes no sistema, corroborando a hipótese do estresse nutricional. Nas florestas de terra firme, o tamanho e o grau de isolamento de fragmentos florestais determinam as taxas de colonização e extinção, e assim a sobrevivência e manutenção das populações. Os fragmentos pequenos são dominados por processos de borda, apresentando um aumento na temperatura do ar e redução na umidade do ar e do solo, afetando a flora e fauna local. Ao todo, foram coletadas 91.006 galhas de insetos em 503 árvores de florestas contínuas e de fragmentos de terra firme. Os dois tipos de ambientes amostrados, fragmentos e floresta contínuas, não apresentaram diferenças significativas quanto a abundância, riqueza e composição de morfoespécies de insetos galhadores A configuração espacial do sistema estudado, a presença de matriz de vegetação secundária em torno dos fragmentos e a similaridade no número de espécies arbóreas amostradas em fragmentos e na floresta contínua podem explicar os resultados encontrados. Comparando-se as florestas de terra firme às florestas inundáveis, várzea e igapó, observou-se uma riqueza e abundância diferencial de galhadores em função da variação na diversidade de plantas em cada paisagem. A riqueza e abundância de galhadores foi maior nas florestas de terra firme, comparado às florestas de várzea e de igapó. No entanto, a razão entre riqueza de galhadores e riqueza de plantas amostradas (razão RIG/RPA) foi significativamente maior nas florestas de igapó e de terra firme, enquanto as florestas de várzea apresentaram os menores valores desta razão. Neste estudo, verificou-se valores inéditos de riqueza de insetos galhadores por ponto amostral. A razão RIG/RPA da várzea foi aproximadamente 2,5 maior que o maior valor desta razão encontrado na literatura. Baseado neste fato, podemos afirmar que a vegetação amazônica mais pobre em espécies de galhadores (várzea) constitui uma das paisagens que apresentam a maior diversidade destes insetos, entre todas as regiões biogeogeográficas já investigadas. Os resultados do presente estudo corroboram as hipóteses de Price et al. (1998) e de Ribeiro (2003), visto que o dossel superior representa um habitat estressado higrotermicamente e com altos níveis de esclerofilia, comparado ao ambiente de sub-bosque úmido e não-escleromórfico das florestas da Amazônia Central.

ASSUNTO(S)

cotas de inundação insetos galhadores águas brancas fragmentação de florestas picos de riqueza ecologia fertilidade do solo plantas hospedeiras padrões de distribuição águas escuras

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