Silêncio e som: o discurso do trabalho em obras de Drummond e Ruffato

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

O presente texto examina uma mudança no discurso literário quanto à representação do trabalho. A pesquisa procura verificar se as transformações que ocorreram nas relações de trabalho, a partir da crise do Estado Social, exerceram pressão sobre o sistema literário e como a literatura pôde refletir sobre elas. Os autores Carlos Drummond de Andrade e Luiz Ruffato são modelos paradigmáticos dos períodos do Estado Social e do atual Estado Democrático de Direito. Por esta razão, a comparação entre alguns dos textos produzidos por esses dois escritores estabelece o recorte condutor desta análise. O estudo da teoria social desenvolvido por Ricardo Antunes e as considerações históricas de Eric Hobsbawm são os principais marcos teóricos utilizados para examinar as modificações do mundo do trabalho nos períodos delimitados por essa pesquisa. Portanto, foi necessário fazer uma articulação entre literatura e sociologia (observando os limites dessa articulação) sem exigir de ambos um mesmo fundamento valorativo (uma vez que a ausência de fundamento representa uma condição inaugurada pela modernidade), mas preservando a autonomia tanto da literatura como da sociologia, cuidando para que uma não seja reduzida à outra. Em vista disso, a obra de Niklas Luhmann foi extremamente importante, particularmente as noções desenvolvidas em sua Teoria dos Sistemas. A análise da teoria social descrita acima deve retornar ao ponto de partida do sistema literário. O conjunto teórico desenvolvido por Mikhail Bakhtin foi um guia para orientar esse movimento de retorno, em vista de sua perspectiva dialógica entre o texto literário e os fatores sociais que fazem o contraste entre a maneira como Dummond e Ruffato criam literariamente o mundo do trabalho.

ASSUNTO(S)

discurso literário literatura brasileira relações de trabalho

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