SUDENE: a utopias de Celso Furtado

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Nosso objetivo, neste trabalho, cujo tÃtulo à âSudene: A Utopia de Celso Furtadoâ, foi tentar verificar atà que ponto e em que medida os sonhos de Celso Furtado em relaÃÃo ao Nordeste tornaram-se realidade. Para tanto pesquisamos, historicamente, a idÃia de utopia e as mais variadas acepÃÃes da palavra, construindo o conceito de âdialÃtica da utopiaâ a partir do suporte teÃrico de Nildo Viana, Ernst Bloch e Karl Mannheim. Identificamos, nesse processo, a diferenÃa essencial que existe entre pessoas tÃpicas e pessoas utÃpicas e como à possÃvel coexistir, numa mesma pessoa, intrÃnseca e dialeticamente, as duas dimensÃes. Seguindo a orientaÃÃo teÃrica de Mannheim, anotamos a relaÃÃo dialÃtica entre a utopia e a realidade, assumindo o suposto de que a utopia Ã, tambÃm, movimento e aÃÃo. Trabalhamos, alÃm disto, a questÃo dos intelectuais e de sua funÃÃo social, concebendo Celso Furtado como um intelectual pÃblico singular, atravÃs do estudo de sua trajetÃria intelectual, do seu processo de vida e de suas aÃÃes, sobretudo à frente da Sudene. Entendemos, entÃo, que o professor Celso Furtado concretiza a noÃÃo de âdialÃtica da utopiaâ, nela incluÃda a contradiÃÃo entre um projeto social e a sua versÃo concreta, viÃvel, realizÃvel. Pensamos que foi neste sentido que ele idealizou e criou a Sudene, com o objetivo de promover um planejamento global para a regiÃo e mudar os rumos de sua polÃtica econÃmica. De fato, o Nordeste que, atà a criaÃÃo da Sudene, era considerado como um problema insolÃvel a ser carregado pela NaÃÃo, a partir de entÃo emergiu como entidade polÃtica, embora os problemas enfrentados pela regiÃo nÃo tenham sido solucionados, como era o interesse principal do professor Furtado, e o seu projeto tenha sido interrompido pela intervenÃÃo militar de 1964. Para identificar os limites e possibilidades histÃricas do projeto da Sudene, sob a direÃÃo de Celso Furtado, utilizamos, alÃm de uma bibliografia bÃsica que nos forneceu os elementos essenciais ao nosso trabalho, as atas do Conselho Deliberativo da instituiÃÃo, atà entÃo inÃditas, visando iluminar a dinÃmica interna e os meandros do cotidiano da instituiÃÃo. ConcluÃmos, grosso modo, que, embora o projeto inicial da Sudene tenha sido modificado substancialmente depois do golpe militar de 1964 e do conseqÃente exÃlio do seu mentor - dados os limites mesmos postos pela conjuntura nacional e internacional - o Nordeste, a partir da emergÃncia da Sudene, nunca mais foi o mesmo, pois a regiÃo se afirmara como entidade polÃtica e a sua face, em muitas dimensÃes, nÃo seria a mesma. Apesar das deformaÃÃes profundas sofridas apÃs o golpe militar, a Sudene continua emblemÃtica das possibilidades histÃricas de concretizaÃÃo de utopias e do papel fundamental exercido por intelectuais pÃblicos do porte de Celso Furtado, como mentores de projetos sociais dessa envergadura

ASSUNTO(S)

sudene sudene intellectuals dialÃtica celso furtado utopia historia do brasil intelectuais dialectics utopia celso furtado

Documentos Relacionados