Turismo, cultura e meio ambiente : estudo de caso da Lagoa do Abaeté em Salvador - Bahia

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

No início da década de 70, a cidade do Salvador - BA, fazendo interagir processos locais e nacionais com o contexto internacional, se inseriu no circuito do turismo nacional como uma destinação cuja natureza turística do lugar assumiu uma configuração singular, em que se associam o mito de um mundo afrobarroco - a baianidade - e uma paisagem, a Bahia de Todos os Santos e o litoral atlântico. Ícone da natureza turística baiana e síntese do processo de inserção do patrimônio baiano no mercado turístico globalizado, a Lagoa do Abaeté, em Itapuã, associa a paisagem natural de um ecossistema de dunas e restingas com notável biodiversidade à representação simbólica da baianidade - cantada por Caymmi, pintada por Pancetti, fotografada por Verger e cultivada pela política turística do Estado. Tendo como objeto empírico a paisagem da Lagoa do Abaeté, compreendida como patrimônio natural e cultural, testemunho da dinâmica social da população local e portadora de atributos simbólicos expressivos, este trabalho analisa os impactos sócio-ambientais e culturais gerados na paisagem do Abaeté, cuja apropriação pela atividade turística resulta em despersonalização e negação do lugar, inviabilizando o encontro e o estabelecimento de um diálogo com raízes territoriais e culturais. Enquadrada como Área de Proteção Ambiental das Lagoas e Dunas do Abaeté (Decreto Estadual N. 351 de 22 de setembro de 1987), sacralizada pelas comunidades religiosas afrobaianas e constituindo um conjunto de elementos naturais e sócio-culturais que conformam num arranjo singular, a Lagoa do Abaeté define um lugar de interação de vários fatores de transformação que são coletivamente percebidos e representados como memória e imaginário. Inserida no contexto da metropolização de Salvador e atingida pelas mazelas da urbanização desigual, a trajetória da Lagoa do Abaeté revela, em escala, os problemas do uso e destinação dos recursos ambientais nas cidades atuais Articulando turismo, cultura e meio ambiente e elegendo a Lagoa do Abaeté como signo desta articulação, aponta-se, em contraponto à globalização, a emergência de novas dinâmicas de resistência e de reinvenção da vida, nutridas pelas singularidades dos sítios simbólicos de pertencimento e dos vínculos enraizados das identidades culturais locais.

ASSUNTO(S)

outros tourism culture cultura lagoa do abaeté environment meio ambiente turismo lagoa do abaeté

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