Uma análise discursiva da gagueira: trajetórias de silenciamento e alienação na língua

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

Revisitando a literatura fonoaudiológica que toma a gagueira como objeto de estudo, deparei-me com uma heterogeneidade de hipóteses sobre sua origem, contraposta a uma homogeneidade em sua caracterização. Em um ponto, no entanto, há a confluência de todas as propostas: a gagueira seria a manifestação de algo que se dá no plano do corpo, ora significado como tensão muscular, ora como respiração, produção de fala, ou, ainda, como formação genética. O desafio que me propus a enfrentar neste trabalho foi o de olhar a gagueira do ponto de vista discursivo. Fundamento-me, teoricamente, na Lingüística, particularmente, no Projeto Interacionista em aquisição de linguagem, proposto por De Lemos e seguidores e na Análise de Discurso de linha francesa, tal como desenvolvida por Eni Orlandi. Esta última, utilizo como teoria e dispositivo de análise. Circunscrevo três questões nodais que me proponho a desenvolver: a origem da gagueira, o lugar da gagueira (o espaço discursivo) e a oposição língua e fala. Operei recortes discursivos sobre dois tipos de textos de mães de crianças referidas como gagas e de sujeitos gagos. Considerando a regularidade do funcionamento do discurso e ancorando minhas análises na interdiscursividade, ou seja, nos mecanismos de constituição de sentidos - as paráfrases e os efeitos metafóricos pude identificar certas propriedades discursivas. Concluo a dissertação, ao afirmar a gagueira como acontecimento discursivo, diretamente relacionado às condições de produção. A análise realizada indica uma prevalência de discursos autoritários, onde há contenção da polissemia e apagamento do referente. Neste sentido, ao sujeito gago não é permitida a escolha: aliena-se na língua ou é silenciado pelas condições de produção

ASSUNTO(S)

desenvolvimento da linguagem gagueira fonoaudiologia analise do discurso

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