Uma analise psicossocial do significado do trabalho para os jovens

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1992

RESUMO

Este trabalho apresenta uma análise do significado psicossocial do trabalho para os jovens, tomando por referencial a perspectiva sócio - histórica do desenvolvimento do psiquismo humano. Através deste referencial resgata-se a evolução histórica e o significado social e psicológico do trabalho e discute-se a questão da constituição da juventude, relativizando a sua concepção ao considerá-la de urna forma concreta e histórica e não mais como uma manifestação única, universal e abstrata. Para sustentar a análise do significado psicossocial do trabalho para os jovens e poder compreender suas manifestações e concepções elegeu-se como referencial as noções de representação social e cotidianidade. Este estudo pretende recolocar a problemática dos jovens e de como o trabalho se reveste para eles, sob a ótica de sua realidade concreta e histórica, evidenciando as semelhanças e diferenças nas suas representações e atribuições dadas ao significado do trabalho. Para tanto, realizei entrevistas com 80 jovens de 13 a 18 anos de idade, distribuídos em quatro grupos, a saber, jovens estudantes; estudantes e trabalhadores; trabalhadores e os "excluídos" do mundo do trabalho e da escola. Para compreender as dificuldades, as inquietação e se contradições dos jovens que se manifestaram em suas representações acerca do trabalho, tive que recolocá-los em seu contexto cotidiano, a fim de captar o que vivem e pensam sobre família, laser, amizade, sexualidade, política, religião e, principalmente, sobre a escola. As análises permitiram evidenciar que o significado do trabalho para a maioria dos jovens assume a conotação de Dever/Necessidade. 0 trabalho aparece designando instrumento para a sobrevivência e para o sustento, superando a visão positiva de trabalho como valor para a realização pessoal. Considerando o objetivo que norteou a execução deste trabalho, conclui - se que não existe uma única categoria de jovens; há, sim, jovens com condições objetivas de vida diferentes, refletindo essas diferenças em seu psiquismo. As diferenças e semelhanças ficaram evidenciadas quando foi confrontado o seu cotidiano e apresentado o significado que o trabalho assume para os jovens. Não se pode dizer que os jovens entrevistados possuem uma concepção homogênea de trabalho, ao contrário, as diferenças, em número mais significativo e relevante que as semelhanças, parecem indicar que as condições objetivas de vida - no cotidiano, na família e na escola manifestam diferenças no significado que os jovens atribuem a o trabalho, e que se refletem de maneira diferente no seu desenvolvimento enquanto totalidade concreta

ASSUNTO(S)

trabalho - aspectos psicologicos trabalho - aspectos sociais

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